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terça-feira, 6 de abril de 2010
06 de abril de 2010 | N° 16297
PAULO SANT’ANA
Luta corporativa
No Caso Eliseu Santos, abriu-se desde ontem um capítulo por todos os títulos desagradável, em que a liça entre delegados e promotores passou a se constituir em disputa de quem está com a razão, se a tese do latrocínio ou a da execução.
Aprofundar-me neste cisma corporativo seria colocar lenha na fogueira, o que não deve ser o meu feitio.
É preciso que se leve em conta um fato: estão presos dois executores do crime, entre quatro, com culpa absolutamente formada, tendo restado inclusive baleados e com ferimentos.
Portanto, o mínimo resultado a que se pode chegar neste processo é a condenação de dois entre quatro executores, à mão armada, do crime.
O que resta saber, com os elementos que são trazidos à cena pelo Ministério Público, de modo essencial, é se há mandantes do crime.
O Ministério Público afirma que os donos da empresa de segurança privada Reação são os mandantes.
A Polícia Civil afirma que não há mandantes neste crime, há só executores, porque não foi uma execução, foi um latrocínio.
Essa peleia de argumentos chegou ao auge ontem, quando, num lance surreal, o delegado Ranolfo Vieira Jr., diretor do Deic, afirmou que as pessoas que foram presas a pedido do Ministério Público, acusadas de mandantes do crime, são inocentes.
Não é qualquer dia que a polícia se manifesta dizendo que pessoas que estão presas, acusadas de assassinato, são inocentes.
Se elas não fossem inocentes, também é justo raciocinar, a tese de latrocínio defendida pela polícia estaria derrubada.
Assim como, quando diz que os três acusados por serem mandantes são inocentes, o delegado Ranolfo quer dizer com isso que o Ministério Público está equivocado.
Pressinto que os leitores podem estar com dificuldades para entender o nó górdio do caso: que diabo, se existem dois executores presos, com ferimentos em seus corpos produzidos pela pistola da vítima, por que não se procurou saber com eles se havia mandantes e, se os havia, quem eram?
Entre todos os personagens destas investigações, só duas pessoas pode haver que saibam quem são os mandantes deste crime, se é que há mandantes deste crime: justamente os dois bandidos que mataram Eliseu Santos.
Eles é que sabem se agiram de moto próprio ou se foram industriados. E a palavra deles é decisiva ou quase decisiva para esclarecer o ponto principal da divergência.
Repito, os leitores devem estar intrigados do porquê de não se procurar saber dos dois presos qual é a verdade.
Acontece que, quando os dois foram interrogados na polícia, reservaram-se o direito de permanecer em silêncio e não disseram uma palavra sobre o crime.
Por isto é que está acontecendo este grande rolo.
A curiosidade é saber-se se na Justiça, agora, se os dois matadores vão falar. E se vão dizer que não havia mandantes ou se havia.
No dia que eles falarem sobre isso, os jornais no dia seguinte estamparão manchetes a respeito, insinuando que foi esclarecido o crime.
E uma outra curiosidade: se os dois matadores admitirem na Justiça que houve mandantes – e essa declaração for aceita –, a pena que eles sofrerão será menor que a de latrocínio, crime de pena mais grave.
Ou seja, curiosamente, seria um caso em que o criminoso teria a possibilidade de arbitrar a própria pena, para menor.
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