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terça-feira, 6 de abril de 2010
06 de abril de 2010 | N° 16297
CLÁUDIO MORENO
Homens e mulheres (4)
10 – Antônio e Cleópatra formam o par romântico mais subestimado de toda a tradição ocidental. Por quase dois mil anos serviram de tema para centenas de escritores, pintores e músicos, mas nenhuma ópera, peça ou filme – nem Shakespeare, com seu gênio, nem Hollywood, com a magia de Richard Burton e Elizabeth Taylor, contam esta belíssima história de amor com a admiração que eles mereciam, como faz Plutarco em sua incomparável Vida de Antônio.
Ambos tinham uma dimensão inimaginável para o público de hoje, atordoado pelo desfile dos amores rápidos de celebridades de curta duração. Marco Antônio era um dos três homens mais importantes de Roma, senhor de todo o Oriente; ela era a rainha do Egito, berço da civilização e celeiro da Europa. Fazendo valer seu poder imperial, Antônio mandou chamá-la à sua presença, para adverti-la e colocar as coisas em seu devido lugar; ela, com o mesmo intuito, respondeu que preferia recebê-lo em seus domínios.
Para tornar o primeiro encontro inesquecível, esmerou-se em preparar um espetáculo que superasse qualquer expectativa que Antônio pudesse ter a seu respeito – e conseguiu. Num barco folheado a ouro, com velas cor de púrpura, suas escravas mais bonitas, seminuas como ninfas, moviam lentamente os remos prateados, subindo o rio em direção à cidade; por onde passava, deixava no ar o aroma de incensos raros, que a brisa levava até as margens.
Ela recebeu Antônio no convés, sob um toldo dourado, reclinada com a languidez de uma Vênus. Ele ficou deslumbrado. Se ela usou sortilégios para seduzi-lo, como disseram, foram os mesmos que as mulheres vêm empregando desde o dia em que Eva levou Adão a vencer sua timidez...
Por 10 anos, viveram um para o outro como verdadeiros namorados, numa relação alegre e criativa que eles mesmos batizaram – porque sabiam o que tinham nas mãos – de “Sociedade para uma Vida Incomparável”.
A política, porém, não perde tempo com o amor, e a disputa pelo poder, em Roma, selou o destino trágico dos amantes. Prevendo o desenlace inexorável, os dois mudaram o nome da sociedade para “Esperando a Morte Juntos” e trataram de bem viver o tempo que restava. Antônio, como digno romano, feriu-se com a própria espada, indo morrer nos braços de Cleópatra.
Ela, contudo, não era mulher que aceitasse abdicar da beleza e da elegância nem mesmo naquela hora extrema. Usando prisioneiros como cobaia, testou os mais variados venenos, mas rejeitou todos eles ao ver as horrendas caretas que a agonia estampava em seus rostos. Finalmente, elegeu a áspide, pequena serpente cuja peçonha provocava uma morte suave e indolor.
Os romanos a encontraram no leito, serena como se dormisse; estava vestida com o maior apuro, e sua última escrava, agonizante, ainda tentava consertar, com dedos trêmulos, a posição de seu diadema de rainha.
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