sexta-feira, 6 de março de 2009


Jaime Cimenti

Relações

Eu ia escrever que hoje, em tempos de pós-feminismo, deveríamos ter um dia em homenagem à pessoa ao invés de uma data comemorativa à evolução das mulheres.

Um dia para festejar o ser humano, independentemente de sexo, religião, nacionalidade e raça (hoje, dizem, somos de uma única raça). Mas acho que, por uns tempos, é melhor continuar a reverenciar as mulheres no dia 8 de março. E nos outros 364 dias, também.

Elas merecem, vai. Mulheres ainda ganham menos por trabalho igual, ainda sofrem mais violência doméstica e nas ruas, ainda cuidam mais da casa e dos filhos do que os maridos e, enfim, ainda precisam ocupar espaços que antes eram só dos homens.

Quase tivemos uma mulher na presidência dos Estados Unidos, o país mais rico do mundo. No Brasil temos governadoras, ministras, senadoras e em muitos países do mundo elas estão no poder.

Acho que ainda é cedo para dizer se exercem o poder de modo diferente, até porque, muitas vezes, as líderes acabam imitando os velhos jeitos masculinos de mandar. Espero que as mulheres apresentem novidades boas ocupando novas áreas e dirigindo casas, sindicatos, maridos, clubes e países.

Só acho que novas relações familiares, sociais, políticas e internacionais dependem mais de diálogo e união do que de mera conquista de espaço. Depois das antigas, duras e longas batalhas femininas que se iniciaram lá por 1857, falta muito, ainda, para a igualdade.

Mas em tempos pós-feministas precisamos jogar mais tênis de praia (ia dizer frescobol, mas é politicamente incorreto) do que tênis de quadra.

No tênis de praia, todos se divertem e não há vencidos nem vencedores. No tênis de quadra, um sai sorridente, pretensamente vitorioso, e o outro sai calado, triste, chutando a lata de lixo, pensando em revanche.

A gente sabe bem demais que as conversas entre o Sol e a Lua e entre Vênus e Marte são um parto demoradíssimo, dificílimo. A gente sabe que os relacionamentos humanos tendem à ruptura.

Mas a gente sabe, especialmente no meio desta crise na qual todo mundo está duro, que é preciso endurecer, mas sem perder a ternura e que precisamos conversar madrugadas adentro, entremeando piadas, bebidinhas moderadas e gargalhadas imoderadas.

Sim, claro, óbvio, é preciso ter mais relações efetivas e afetivas e não ficar só discutindo as relações.

Melhor será dialogar sobre as relações. Não é? Esse negócio de discussão e essas piadas na internet homem x mulher já ficou muito chato, cansativo, passado. Viva as mulheres! Viva nós!

Jaime Cimenti - Uma ótima sexta-feira e um excelente fim de semana.

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