quinta-feira, 5 de março de 2009



05 de março de 2009
N° 15898 - PAULO SANT’ANA


Por um triz

Pois é, na manhã de segunda-feira, passou muito perto da Terra um asteroide (rocha).

Calculam os astrônomos que esse asteroide tenha a dimensão de um edifício de 10 andares, o comprimento entre 21 e 47 metros.

E que, se tivesse colidido com a Terra, causaria grandes estragos, equivalentes aos que aconteceram quando um asteroide da mesma dimensão caiu na Sibéria, há um século, em 1908, destruindo nada menos do que 80 milhões de árvores, ao longo de 2 mil quilômetros quadrados, perto do Rio Tunguska.

O que arrepia nesse fenômeno é que o efeito de um choque desse asteroide com a superfície da Terra seria o mesmo que o impacto de mil bombas atômicas do tipo da que foi lançada sobre Hiroshima.

Ouso calcular, então, que uma explosão desse tipo poderia provocar a destruição de mil cidades na Terra, algo jamais visto em qualquer outro tipo de tragédia.

Aparentemente, o risco de o asteroide ter batido na Terra esta semana foi pequeno.

Só aparentemente, porque ele passou velozmente a 72 mil quilômetros do nosso planeta, ou seja, a apenas um quinto da distância entre a Terra e Lua, o que, convenhamos, diante da grandeza do Universo e da nossa visão tão íntima da Lua em nossas noites românticas, é muito pouco.

Eu sempre tive esse sentimento com relação à Terra: ela é um minúsculo e esférico corpo celeste, flutuando no espaço ao sabor da sorte, navegando perigosamente entre outros objetos menores e maiores do que ela.

Uma bolinha de sabão.

Já andou passando, por exemplo, a 6,5 mil quilômetros da Terra, pouco mais que o diâmetro do nosso planeta, um outro temerário asteroide, em certa época.

Estes fatos nos remetem à imaginação de quanto somos frágeis como planeta. E de quanto tivemos sorte nesses milhões de anos ao não nos chocarmos contra os milhões de asteroides que nos rondam.

Objetos pequenos, como esse que passou na segunda-feira rondando a Terra, são difíceis de se detectar pelos telescópios. Mas os objetos grandes, estes podem permanentemente ser vigiados pelos telescópios.

Mas isto quer dizer que existem os objetos grandes.

E imagino que sofremos o risco constante de colisões.

E imagino que o fim do mundo só pode vir por esta forma: o choque de um grande asteroide com a Terra. Até mesmo me ocorre em minha ignorância sideral que possa haver uma pequena desorganização espacial e nós venhamos um dia a nos chocar contra outro planeta ou satélite.

E, segundo entendi, esse asteroide que ameaçou a Terra pode voltar em cem anos a roçar o nosso planeta.

Imaginem, a Terra fica ziguezagueando eternamente no espaço, esquivando-se de outros objetos ameaçadores, todos os dias, todas as noites, por todos os instantes, e nós aqui preocupados com uma crise econômico-financeira cujo impacto sobre nós é infinitamente menor do que seria um choque entre insignificantes objetos siderais, entre eles a Terra, que para nós é imensa, mas para o Universo não passa de um grão de areia.

Ontem, por exemplo, um asteroide passou raspando no Beira-Rio e quase aconteceu a tragédia.

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