segunda-feira, 2 de março de 2009



02 de março de 2009
N° 15895 - PAULO SANT’ANA


Teimosia e mau humor

Estranha personalidade a do treinador Celso Roth. Na sexta-feira, concedeu, após o jogo com o Veranópolis, uma excêntrica entrevista, pela qual nada se ficou entendendo, se o Gre-Nal era importante ou não, se o Grêmio dava atenção ao Gauchão ou não.

Uma entrevista repleta de evasivas, deixando o torcedor gremista – e quem sabe lá os jogadores do Grêmio – indecisos quanto à posição oficial do clube – e dele, treinador – sobre o Gre-Nal.

Quando o certo era jogar o Gauchão com intenção de ganhá-lo, deixando a Libertadores para o seu tempo.

Tem de jogar o Gauchão e a Libertadores com o mesmo elã, a mesma vontade, são duas competições simultâneas, mas em datas diferentes.

Que importa que se tenham acavalado as datas dos jogos contra o Universidad e o Veranópolis?

Tinha de ter jogado com o Veranópolis com os titulares, deu sorte ao vencer por 1 a 0, mas ao escalar os reservas correu um risco desnecessário.

Errou Celso Roth e errou a direção ao transmitirem a impressão que desdenhavam o Gauchão.

Mas no Gre-Nal adviria o grande erro de Celso Roth, incompreensível erro de Celso Roth: entrou em campo novamente com seis jogadores na meia-cancha, com apenas Alex Mineiro de atacante.

Ora, já se tinha visto no jogo contra o Universidad, pela imensa superioridade gremista no jogo contra o time chileno, que a formação ideal do Grêmio é com Jonas, portanto com dois avantes.

E para surpresa de todos Celso Roth entrou em campo só com um avante, tornando o Grêmio, em todo o primeiro tempo do Gre-Nal, um time inofensivo, emasculado, sem pretensão outra que não fosse se defender diante de um Beira-Rio lotado, o que estrategicamente é um suicídio.

Restou o Grêmio em todo o primeiro tempo de ontem totalmente concessivo ao Internacional, que só não ganhou o jogo nos primeiros 45 minutos por três defesas milagrosas de Víctor.

E ontem, após o jogo, Celso Roth justificou a mudança absurda na escalação como parte da “projeção” que ele está usando para ao time.

O que é isto, projeção? Ele não pode estar projetando o Grêmio com seis na meia-cancha e só um avante na Libertadores. Não pode. Isso é loucura.

Então que “projeção” é esta? Onde é que quer chegar o treinador do Grêmio? Qual é o seu objetivo em testar um time com seis jogadores na meia-cancha, com só um avante, quando nenhum time do planeta joga nesse sistema?

O que há com o treinador gremista é um mau humor constante de que ele se apossa, aliado a uma prepotência.

Todos esperavam um time no início do Gre-Nal com dois atacantes. Mas aí, como Celso Roth tem uma onipotência invencível, como se reveste de uma vaidade doentia que o arremete para o protagonismo, fez exatamente o que todos não esperavam que ele fizesse: só para provar que é ele que manda e que todos têm de se submeter à sua vontade, se não o quiserem assim, que o mandem embora.

Mais uma vez o bom senso indica que é melhor mandá-lo embora: aquela escalação absurdamente defensiva do time no início do Gre-Nal de ontem é indefensável.

Um treinador tem o direito de escalar a equipe que bem entenda. Mas desde que não fira o bom senso.

E seis homens na meia-cancha, quando o time crescia exatamente quando foi feito o contrário (dois avantes), foi atitude megalomaníaca do treinador, um mandonismo que não leva a nada, senão a duas derrotas consecutivas em Gre-Nais.

Esse teimosismo de Celso Roth, junto com seu intrínseco mau humor, crivado da mania de saber mais que os outros, já encheram todas as medidas.

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