01 DE ABRIL DE 2023
OPINIÃO DA RBS
O QUE FICA DO SOUTH SUMMIT
Legado é o que fica, o que é deixado, o que influencia o futuro. Pode ser algo palpável, como uma obra, mas também imaterial, como valores e uma nova mentalidade. O South Summit é um acontecimento capaz de ser lembrado, nos próximos anos, como uma espécie de marco do amadurecimento do ambiente da inovação em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul.
Não foi a partir da primeira edição, ano passado, que a busca por fazer diferente passou a ser uma obsessão de empresas gaúchas, parques científicos, institutos e mesmo do poder público, parte essencial na consolidação de um ecossistema voltado a criar novas soluções - tecnológicas, digitais, de processos ou de que natureza forem. Tampouco foi a segunda edição, encerrada na sexta-feira, que tornou essa vocação ainda mais cristalina. Mas o novo êxito do evento, que voltará a ser realizado na Capital até 2027, solidifica a certeza de que a inovação será cada vez mais um novo vetor do desenvolvimento da cidade e do Estado, ao lado e em proveito dos setores tradicionais, da indústria ao agronegócio.
Além do esforço do governo gaúcho para atrai-lo, o South Summit só veio para a Capital, afinal, porque o Rio Grande do Sul vinha trilhando esse caminho há algum tempo. Basta lembrar, por exemplo, que o Rio Grande do Sul tem o terceiro maior número de startups do país. Eram mais de 1,1 mil ao final do ano passado, um avanço expressivo de 70% sobre 2021. É um ritmo notável de surgimento de novas empresas de grande potencial de crescimento. Mostra de forma inequívoca a vocação do capital humano local para a inventividade e a disseminação da cultura empreendedora.
O South Summit é o coroamento desse movimento originalmente orgânico. O evento firma a Capital, agora e nos próximos anos, como ponto de referência quando o assunto é inovação. O resultado da vinda de mais de 20 mil visitantes de dezenas de países, pensadores e envolvidos com o tema dos negócios ligados à área, catapulta a visibilidade da cidade e do Rio Grande do Sul e eleva a atenção dos fundos de investimento para o que é desenvolvido no Estado. É um potencial que se multiplica, gerando frutos colhidos daqui para a frente com o surgimento de mais startups, mais oportunidades, retenção de cérebros e crescimento econômico com qualidade de vida. Esse é o grande legado do South Summit.
Merecem reconhecimento, ainda, os eventos paralelos, que buscaram introduzir os conceitos ligados à inovação a estudantes da rede pública e fomentar o interesse dos alunos pelo assunto. É uma forma de democratizar o acesso ao conhecimento, gerar estímulos e mostrar que inovar é, antes de tudo, um ato resultante da inquietação por fazer algo de uma forma que não foi pensada antes. Acessível, portanto, a todos, independentemente da classe social, e que pode ter impacto, inclusive, na melhoria do cotidiano de comunidades carentes.
Fica agora a expectativa pelo South Summit 2024, talvez ainda maior e melhor, nos simbólicos armazéns do Cais Mauá, à beira do Guaíba, local conhecido por ser cenário de um dos entardeceres mais belos do mundo e que também passa a simbolizar o alvorecer de uma nova era para Porto Alegre e o Rio Grande do Sul.
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