Aos nazistas, a lei
O terceiro e último júri dos réus pelo espancamento de jovens judeus no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, em 2005, terminou na última sexta-feira com a condenação de um réu e a absolvição de dois. Nos três júris do caso, foram considerados culpados oito homens, sendo sete pelo crime de tentativa de homicídio. As condenações levaram em conta o motivo torpe, que se associa ao racismo e ao antissemitismo.
O combustível que move essa turma é arcaico e constrangedor: o apelo do nazismo. Embora sejam classificados como skinheads, a relação deles era clara. Possuíam bandeira nazista, participavam de grupos que ovacionavam Adolf Hitler - um deles tinha até uma tatuagem da famigerada suástica - e faziam saudações características.
Os jovens judeus foram atacados a chutes - dois deles foram esfaqueados - e pontapés pelos machões, depois condenados. Os nazistas conseguiram despejar seu ódio contra pessoas inocentes que procuravam apenas um momento de lazer e tranquilidade.
Áudios dos réus durante o julgamento, na última semana, demonstraram claramente a incapacidade intelectual do grupo. É muito constrangedor, e deve ter sido para os jurados, perceber o desapego pela gramática e o desprezo pela felicidade de jovens judeus. O apreço pelo impensável não para. Um dos réus envolveu a filha de apenas dois anos em saudações nazistas e colocou um nome na criança que exalta a branquitude das pessoas. Com um deles foi encontrado um bilhete assinado pela mulher com "seis milhões de beijos". Seis milhões é o número de judeus mortos pelos nazistas.
Na Alemanha de 1939, Hitler elegeu o povo judeu como desculpa para justificar problemas financeiros. De todas as vilanias cometidas contra essas pessoas, talvez a mais macabra tenha sido a "solução final". Hitler encomendou e ajudou a conceber uma medida para eliminar os judeus da Europa. Foram criados os famigerados campos de concentração com suas não menos diabólicas câmeras de gás. O nazismo foi perverso a ponto que fazer eclodir uma guerra mundial por causa de um surto psicótico de pangermanismo que deixou milhões de mortos.
O próprio nazismo deveria ter morrido junto com Hitler, quando ele cometeu suicídio em Berlim, ao final da guerra. Mas, quase 70 anos depois, ainda há sementes do mal espalhadas por aí. O caminho para esse comportamento é fazer o que o Judiciário gaúcho fez. Condenar e prender.
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