21 DE ABRIL DE 2023
GARIBALDI
Suba a Serra e saboreie o Festival do Grostoli
É o aroma de laranja que domina a cozinha do salão da comunidade São Jorge, no interior de Garibaldi, quando homens e mulheres se reúnem para preparar a massa do grostoli. As raspas da fruta são o diferencial da receita mantida há décadas e criada para comercialização do doce desde a instalação de uma vila típica na Festa do Espumante Brasileiro, a Fenachamp.
Na tradição que começou com os primeiros imigrantes italianos na Serra, ingredientes como ovos, farinha, nata e fermento se transformam em massa que, depois de frita e polvilhada com açúcar, se torna desejo de adultos e crianças.
A receita ganhou forma e quantidade na noite de quarta-feira quando 300 quilos foram preparados para o Festival do Grostoli que começa hoje e segue até domingo em frente à Igreja Matriz de Garibaldi. Para que tudo estivesse pronto para a festa, 14 comunidades se reuniram ao longo dessa semana para consolidar a tradição, de juntas, preparar a iguaria.
Como em uma grande família, os moradores de São Jorge dividiram as tarefas organizadas por mulheres que enxergam no preparo do grostoli uma representação de afeto, entre elas, Lourdes Lazzari, 66 anos, que orientava os responsáveis para cada etapa do preparo para que tudo saísse como o planejado.
- Organização e medidas exatas. Quando cada um é responsável por um ingrediente, é que a receita sai de uma forma especial. Faço grostoli há 50 anos e entendo o quanto ele pode ser encantador para quem come - contou Lourdes.
Comunitário
Protagonista do festival criado em 2022, o grostoli, além de reunir famílias, agora contribui para o desenvolvimento e a união das comunidades de Garibaldi. Depois de residir 11 anos em São Paulo, a professora Paula Fontana Leiva, 46, natural de Lajeado, encontrou na Serra vizinhos dispostos a se doar para manter viva uma tradição.
- Viemos morar aqui há três meses e me envolvi com a comunidade logo que cheguei. Não imaginava que as pessoas eram tão unidas, todo mundo quer fazer acontecer. Acho que é uma coisa rara que não se encontra em qualquer lugar. É gratificante ver o que conseguimos realizar juntos - disse.
Produto final do espírito coletivo, o grostoli ainda é sinônimo de reunião familiar, carinho e memórias afetivas que a culinária pode proporcionar. De tanto presentear a família ao preparar a receita, Odete Lazzari, 73, garantiu que o neto Lorenzo, 10, aprendesse o jeito de fazer o doce apenas observando.
- Falar de grostoli é falar de família. Antigamente, como não tinham grandes variedades de lanches, era o que as mães faziam de diferente para agradar a família. E segue assim, meu neto de 10 anos fica muito contente quando fazemos - confidenciou.
O serviço realizado pelo neto de Odete em casa será repetido por dezenas de mãos e aos olhos do público. A massa preparada durante a semana passará por rolos, será cortada em pequenos losangos e "torcidas" para finalmente serem fritas em óleo quente. O açúcar é a última etapa antes da massa chegar fofa à boca do consumidor.
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