PÁSCOA
A ressurreição de Jesus de Nazaré é a pedra angular da fé cristã. Ele foi fiel ao projeto do Pai. Sua pregação consistia no anúncio da boa nova do perdão e da misericórdia, e, por isso, foi condenado à morte pelo poder político e religioso de então.
A fidelidade de Jesus ao projeto do Pai e sua determinante coragem incomodaram os poderes estabelecidos. Foi considerado um rebelde, um blasfemo, e, por isso, foi executado como um maldito.
Porém, o Pai, amante apaixonado pela vida, "ama tudo que existe e não despreza nada do que fez" (Sb: 11, 24); por isso, não permitiu que a morte tivesse a última palavra. Aquele que parecia um derrotado, despojado de tudo e abandonado na cruz, ressuscitou. Assim, pode-se compreender que a cruz e o sofrimento têm o seu lugar na história humana, mas em função da ressurreição.
Páscoa é a passagem da morte para a vida: vida nova em Cristo, vida de irmãos e irmãs, vida de igualdade, justiça, paz, solidariedade, amor. Páscoa é a vitória da vida sobre a morte e tudo o que a morte significa.
O inaudito da ressurreição lança luzes sobre a história humana. Em meio às mais variadas situações do cotidiano, todos são convidados a seguir os passos do Homem de Nazaré: ele é vida!
O ser humano é mais forte do que os limites e contradições que traz na sua natureza. O germe da vida vencendo a morte e do amor superando as formas de egoísmo estão presentes no íntimo de todo ser humano. Ele não vive para morrer, mas morre para ressuscitar. Esta é sua destinação final.
Com a ressurreição de Jesus, desponta a convicção de que as utopias jamais morrerão, os sonhos de libertação jamais serão pesadelos, a luta dos pequenos e pobres será sempre vitoriosa e as forças da vida terão sempre a última palavra. Por mais cruéis que sejam, todas as tiranias, opressões, corrupções e guerras passarão!
Celebrar a Páscoa é, pois, dispor-se para o novo! Implica acolher a súplica que sobe aos céus desta "terra dos homens" por mais vida e vida em abundância (conforme Jo: 10, 10). Abençoada Páscoa!
Arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da CNBB - DOM JAIME SPENGLER
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