06/04/2023 - 16h27min
Fabrício Carpinejar
O Inter é um repetente contumaz: não sai da mesma série de erros
Como acreditar que vamos ganhar a Libertadores? Mano Menezes vem reclamando das perguntas repetitivas dos repórteres na coletiva, mas é porque o time é previsível. Na última vez em que o Inter foi campeão, meu filho tinha 14 anos. Hoje ele tem 21 anos, já adulto. Atravessou a sua adolescência inteira sem nada a comemorar no futebol. Tivemos alguns vices nacionais, mas o segundo colocado é apenas a frustração de ter chegado perto, é o “quase” amargo do desleixo.
Internacional é um repetente contumaz. Roda de ano há sete anos, sem sair da mesma série de erros. Mudam os jogadores, não muda a mentalidade. Não há revolta, raiva, cólera típica dos vencedores nas entrevistas após a derrota. Já sei de cor o bordão usado em nossos fracassos: “merecíamos ganhar”. Quem merece ganhar ganha. Futebol é gol, finalidade, placar. Não é um esporte hipotético.
Mano Menezes vem reclamando das perguntas repetitivas dos repórteres na coletiva. As perguntas são repetitivas porque o time é previsível. Se sai perdendo, muda o esquema para buscar um empate. Se sai ganhando, muda o esquema para ceder o empate. Aquele que comemora o empate deseja a derrota. E, se dependermos de empates, jamais alcançaremos a próxima fase da Libertadores ou da Copa do Brasil, por uma questão de lógica e de retrospecto.
Além da desilusão da semifinal do Gauchão, em que Caxias nos superou nas penalidades, caímos contra o Melgar (2022) na Sul-Americana, caímos contra o Olimpia (2021) na Libertadores, caímos contra o América-MG (2020) na Copa do Brasil, caímos contra o Boca Juniors (2020) na Libertadores. Nossa única chance de sairmos vivos é com bola na trave ou fora do adversário. Todo mundo está careca de saber que goleiro colorado não pega pênalti. É uma escola de ausências.
Tínhamos como horizonte vencer o Campeonato Gaúcho pelo menos. Nem isso conseguimos. Estamos fora da decisão deste final de semana com a possibilidade de o rival alcançar o hexa. Como acreditar, então, que seremos tri da Libertadores? Para mim, sem gestão de choque, sem mudança de atitude, sem abandonar o conformismo, é uma esperança fraudulenta. Será o mesmo de sempre, com único objetivo de festejar vaga para uma competição internacional em que não seremos competitivos.
O que engana os torcedores é a promessa de contratações no decorrer da temporada. Mas do que adiantam reforços se o nosso melhor atacante, Pedro Henrique, encontra-se na reserva? Se não valorizamos nem o que há de melhor, jamais potencializaremos peças inéditas. O técnico perdeu o timão. E me refiro à roda do leme, não ao plantel. Já sei de cor o bordão usado em nossos fracassos: “merecíamos ganhar”. Quem merece ganhar ganha.
Se Mano fica perdido com o que tem à sua disposição, só aumentará o caos com outras opções. Ele elogia o Alemão, por exemplo, e usa Lucca como reserva imediato. Eu não gostaria de ser favorito do treinador. É um privilégio um tanto esquisito. Os desafetos têm mais chance de jogar.
Quem surge no Beira-Rio renova uma tolerância inadmissível para a seca de títulos. Oferecemos tempo para Luiz Adriano mostrar serviço, e assim o ano acaba novamente sem caneco algum. Passamos a temporada inteira testando opções. De que vale a pré-temporada? É falta de planejamento. A verdade é que o Inter se apequenou em figurante. É um coadjuvante que não precisa sequer ser estudado pelos adversários, tal monotonia de sua dinâmica.
Nem com o Grêmio na segunda divisão tivemos tranquilidade para fazer flauta. Tropeços inesquecíveis diante do Globo ou do Melgar relembram a dança no chão do goleiro congolês Kidiaba, do Mazembe. Aliás, até ele saiu do lugar, quem permanece parado no passado é unicamente o Inter. Ele tornou-se deputado pela província de Katanga, onde fica Lubumbashi.
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