A sombra de Alagoas sobre a Braskem
Em 2019, LyondellBasell havia quase comprado a Braskem e desistiu porque não havia sido suficientemente informada sobre danos provocados por mineração da empresa em Maceió (AL) no ano anterior. Agora, esse fantasma voltou: o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pretende barrar qualquer negócio caso as cerca de 200 mil pessoas afetadas não sejam indenizadas de forma definitiva.
A ameaça de Renan pode não chegar a travar, mas espanta investidores estrangeiros. A Braskem anunciou provisão (reserva de recursos para determinada finalidade) de R$ 8,9 bilhões para bancar indenizações e outras reparações por rachaduras em casas e prédios por afundamento do solo de bairros de Maceió. O senador sabe desse valor, mas afirma que ainda não há "quantificação precisa", porque existem ações judiciais pulverizadas.
No início de março, a J&F (controladora da JBS) ofereceu R$ 9 bilhões pelos 50,1% da Novonor (ex-Odebrecht), que não aceitou. Hoje, o valor de mercado (número de ações multiplicado pela quantidade) de 100% da empresa está em R$ 15 bilhões. A Novonor tem 50,1% das ações ordinárias e 38,3% do capital total da petroquímica, e a Petrobras tem 47% das ordinárias e 36,1% do capital total.
Presidente da estatal, Jean Paul Prates afirmou que a venda ainda é opção, mas adicionou hipótese de reestatização ao dizer que "poderia comprar". Para João Luiz Zuñeda, diretor da Maxiquim, consultoria em petróleo, o cenário favorece compradores nacionais, que teriam mais boa vontade da estatal:
- Há dois sócios, um precisa vender, o outro não sabe se quer ou não. Reestatização seria um caminho difícil, mas a forma de venda e a nova composição acionária podem mudar. A Petrobras pode ficar como sócia ou aumentar sua fatia.
A Novonor "precisa" vender para tentar sair da recuperação judicial pedida em junho de 2019, logo depois do fracasso da venda.
Itália trava o ChatGPT, o que interessa a todos nós
A Itália suspendeu o ChatGPT no país. A decisão não está baseada na ameaça do avanço da inteligência artificial para a humanidade nem no risco que representa ao mercado de trabalho e para a estabilidade econômica e social. O motivo é mais prosaico, e interessa a todo nós, especialmente os chamados "early adopters", aqueles que correm para usar uma nova tecnologia assim que é lançada: a decisão foi tomada ante a confirmação de vazamento da dados pessoais na plataforma.
Diante do risco à privacidade e à integridade financeira dos usuários, a Garante per la Protezione dei Dati Personali (GPDP) proibiu o ChatGPT de processar dados na Itália. Na prática, restringe toda sua operação no país até o dia 20.
Conforme o órgão regulador, equivalente à Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) do Brasil, a ferramenta não avisou sobre o vazamento, não tinha base legal adequada para coleta de dados pessoais e não verificava idade mínima de 13 anos dos usuários, regra da própria inteligência artificial generativa.
Esse tipo de tecnologia é chamado GPT, sigla para Generative Pre-Trained Transformer (transformador pré-treinado generativo), que designa máquinas "ensinadas" a gerar novas relações e aprendizados.
Nas demissões massivas feitas por big techs como Amazon, Google, Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), Microsoft e Twitter, estão vários integrantes de equipes chamadas de "inteligência artificial responsável", que tinham como missão seguir preceitos éticos recomendados para produtos de consumo que usam inteligência artificial.
A coincidência - digamos que seja - de salto tecnológico e cortes nessa área gera a inquietação de que possíveis abusos não sejam detectados justo quando usuários são expostos de forma crescente a ferramentas de inteligência artificial. Como afirma o manifesto que pede pausa nas pesquisas, não se trata de travar o desenvolvimento científico: só de ter certeza de que vai beneficiar a humanidade, não destroçá-la.
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