sábado, 29 de abril de 2023


29 DE ABRIL DE 2023
FLÁVIO TAVARES

PERIGOS DA CEGUEIRA

A destruição é visível e a ciência adverte para o perigo, mas nos fazemos de surdos e cegos ante o horror. O derretimento das geleiras nos polos eleva o nível dos mares e, no último ano, atingiu proporções ameaçadoras à vida no planeta, como adverte a Organização Meteorológica Mundial em seu último relatório sobre o clima.

As mudanças climáticas transformaram-se em crise profunda, que exige uma mudança radical no comportamento de cada um de nós frente ao esbanjamento da atual sociedade de consumo. Nos últimos 10 anos, a taxa de aumento médio do nível do mar duplicou devido ao derretimento das geleiras da Groenlândia e da Antártica, adverte a Agência Espacial Europeia.

Os mares são uma espécie de ferramenta de captação do calor do planeta, aliviando os perigos do efeito estufa, mas, paralelamente, têm efeitos em cadeia quando os ecossistemas marinhos são ameaçados.

"Enquanto a emissão de gases de efeito estufa cresce e muda a temperatura, a população mundial é afetada pelo clima extremo e seus graves efeitos", adverte o relatório da Organização Meteorológica Mundial.

Continuamos surdos, porém, às advertências e às observações da ciência. Seguimos poluindo o ar com automóveis movidos a petróleo, enquanto os carros elétricos continuam inacessíveis pelo alto preço, além de não terem onde se abastecer. Chegamos ao absurdo de gerar eletricidade com usinas térmicas a carvão mineral, pouco desenvolvendo a energia eólica ou, até mesmo, aproveitando as ondas marítimas da extensa costa do Brasil.

As florestas continuam a ser tratadas como um estorvo, quando - em verdade - são a grande dádiva da natureza. A destruição da Amazônia e da Mata Atlântica continua em ritmo acelerado. Não respeitamos sequer a água (que deu vida ao planeta), permitindo que o garimpo polua os rios amazônicos com mercúrio.

O mais aterrador, porém, é o fantasma da fome no mundo inteiro, pois as mudanças climáticas interferem diretamente na agricultura, alterando o ritmo das lavouras.

O ex-presidente Bolsonaro incorporou a morfina ao anedotário político. Em longo depoimento à Polícia Federal, tentou defender-se atribuindo aos "efeitos da morfina" (usada numa obstrução intestinal) as afirmações de que o resultado da eleição presidencial havia sido fraudado?

FLÁVIO TAVARES

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