27 DE ABRIL DE 2023
OPINIÃO DA RBS
SEMENTE DO PROGRESSO
Se o país passou em meio século da condição de importador de alimentos a uma das maiores potências globais do agronegócio, muito se deve à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A instituição, que completou ontem 50 anos, é um dos grandes orgulhos nacionais.
Os estudos conduzidos pela Embrapa produziram uma verdadeira revolução no campo nas últimas décadas e são uma garantia de que a produção rural brasileira seguirá na liderança mundial nos próximos anos, conciliando aumento da produtividade com sustentabilidade. Desde o início dos anos 1970, a empresa e seus pesquisadores foram protagonistas em façanhas como a adaptação da soja ao cerrado e a adequação de outras culturas, dos grãos às frutas, aos mais diferentes climas e solos do país.
Partiram também da Embrapa avanços que mudaram a realidade das lavouras, como a tecnologia de fixação biológica de nitrogênio, que contribuiu para a tropicalização de cultivos, com aumento dos rendimentos e redução de custos. Teve ainda papel decisivo para a disseminação do método conservacionista do plantio direto, na criação do zoneamento agrícola, na difusão da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), na seleção genética na pecuária, entre tantas outras frentes.
Na Embrapa, foram melhoradas raças e criadas ou aperfeiçoadas tecnologias, cultivares e técnicas de manejo. Foram pesquisas decisivas para a elevação da renda no campo, para levar alimentos de qualidade às cidades e para o país ter assumido papel de liderança na produção de grãos e proteína animal. É um processo contínuo de inovação que beneficia a agricultura familiar e a de grande escala e ajudou o país a desenvolver uma cadeia industrial e de serviços ligada ao agronegócio dinâmica e pujante.
O Rio Grande do Sul, décadas atrás conhecido como celeiro do Brasil, faz parte desta história. A Embrapa Trigo, em Passo Fundo, foi uma das primeiras unidades criadas, em 1974. Hoje há outras três, em Pelotas (Clima Temperado), Bagé (Pecuária Sul) e Bento Gonçalves (Uva e Vinho). Ministro da Agricultura de 1969 a 1973, o gaúcho Luiz Fernando Cirne Lima foi o responsável por criar o grupo de trabalho que planejou as diretrizes da pesquisa agropecuária no país, propôs fontes de financiamento e tratou da criação da legislação para a área. O relatório final ficou então conhecido como Livro Preto.
A Embrapa é a prova cabal da relevância e da resposta do investimento em ciência e em pesquisa. Basta lembrar que o agronegócio se tornou o setor mais competitivo da economia brasileira e é o campo que garante o superávit comercial do país. O balanço social da empresa referente a 2022 calcula que, a cada R$ 1 aplicado nos seus trabalhos, retornaram para a sociedade R$ 34,7. A projeção, chamada de lucro social, é realizada desde 1997. Neste período, calcula-se que foi gerado um valor de R$ 1,2 trilhão, com a criação de 1,7 milhão de postos de trabalho.
Os desafios à frente são imensos. É preciso desenvolver novas tecnologias para agroenergia, elevar a aposta em sustentabilidade e preparar as atividades rurais - exercidas a céu aberto - para as dificuldades impostas pelas mudanças climáticas. Olhando-se para trás, não há dúvida de que a Embrapa, bem administrada e apoiada, reúne plenas condições de gerar o conhecimento necessário para o país continuar elevando a produtividade sem avançar sobre áreas preservadas dos biomas.
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