quarta-feira, 19 de abril de 2023



19 DE ABRIL DE 2023

REFORMA DO IPE SAÚDE

Sindicatos de servidores criticam proposta do Piratini

Entidades afirmam que aumento de taxas cobradas do trabalhador não solucionam os problemas de gestão no instituto

Sindicatos e federações que representam servidores do Estado manifestaram contrariedade à proposta do governo de reestruturação do IPE Saúde e pretendem oferecer alternativas. Segundo o plano apresentado pelo governador Eduardo Leite, entre outras medidas, a alíquota dos titulares aumentaria dos atuais 3,1% para 3,6% (confira quadro ao lado).

- Se o salário dos servidores fosse reajustado, como há anos não é, a entrada de dinheiro no IPE também seria maior. E os planos anunciados ontem (segunda-feira), na prática, vão reduzir o salário aumentando a contribuição fixa - disse o presidente da Federação Sindical de Servidores Estaduais do RS (Fessergs), Sérgio Arnoud, ontem.

Arnoud cita ainda o que considera "gestão problemática" do plano de saúde. Ele afirma, por exemplo, que os servidores foram "deixados de fora" do comitê de gestão do instituto.

Entre os pontos da proposta, as auditorias dos procedimentos são elogiadas pela Fessergs e pelo Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do RS (Sintergs). Para o diretor-presidente do Sintergs, Antônio Augusto Medeiros, a atenção às auditorias trará melhorias, mas a solução dos problemas financeiros no instituto não passa pelo aumento de taxas.

- É um projeto devastador em relação ao servidor e ao IPE Saúde. Leite se coloca em posição que ignora as finanças do IPE e sobretaxa os trabalhadores, principalmente os de menores salários. É uma lógica inversa e que termina com o caráter solidário do IPE, que não é um plano de saúde, é um sistema solidário de atenção ao trabalhador - disse Medeiros, reforçando pedido por reajuste de salário.

O Sintergs estuda a realização de protesto em forma de caminhada em Porto Alegre, no dia 26. A ideia é concentrar-se em frente à sede do IPE e circular pela região central da Capital para chamar a atenção do governo para as alternativas propostas pelo sindicato. A Fessergs ainda fará reunião, inicialmente marcada para hoje, para planejar ações que aproximem os sindicatos do diálogo com o Executivo estadual.

A União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública, que congrega 27 entidades representativas dos servidores, divulgou nota apontando que teria faltado diálogo na construção da proposta e que seria "combinação de redução real do salário dos servidores e uma barreira econômica para acessar o serviço de saúde". A entidade vê falta "de indicadores e metas de gestão específicos da medicina com os quais o governo se comprometa" e espera que o Piratini retire o projeto e abra diálogo "com todos os atores sociais envolvidos no IPE Saúde".

A Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar publicou nota na qual afirma que a proposta joga "a conta para os servidores pagar, mesmo que a crise seja fruto de notória má gestão e estratégias equivocadas do gestores do instituto".

Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Leite enfatizou que o usuário majoritário do IPE tem alta sinistralidade, ou seja, é um paciente que usa bastante o sistema, fazendo com que o plano não dê conta no cenário atual. E argumentou que, mesmo com críticas à cobrança dos dependentes, que hoje são isentos, os valores propostos serão mais vantajosos do que os praticados no mercado privado.

Médicos

O presidente do Sindicato Médico do RS (Simers), Marcos Rovinski, vê com apreensão as medidas. Na sua avaliação, não é apontada recuperação da defasagem de 12 anos no pagamento dos médicos credenciados:

- É muito importante que se pense sobre o futuro do IPE. No entanto, estamos apreensivos porque não há nada de objetivo quanto aos reajustes dos honorários médicos e hospitalares.

 ROGER SILVA JEAN PEIXOTO

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