14 DE FEVEREIRO DE 2020
INFORME ESPECIAL
O sincericídio de Paulo Guedes
Outra vez Paulo Guedes se enrolou nos exemplos e nas figuras de linguagem que teriam a finalidade de ilustrar o seu raciocínio. O resultado foi que quase ninguém prestou atenção na essência do que falava. Em resumo, seria melhor para o país a Selic baixa e dólar alto do que o contrário.
O quadro atual significa crédito mais barato, economia de bilhões do governo com juro, incentivo a investimento produtivo e possibilidade de a indústria ser beneficiada pelas exportações. Em teoria, mais empregos. Mesmo que nem tudo, até agora, tenha se materializado. O panorama de poucos anos atrás era de empréstimos mais caros, de festa dos rentistas e estímulo às importações, com efeitos nefastos para as fábricas aqui instaladas.
Guedes não disse nada de muito diferente do que defendeu durante toda a sua trajetória como economista. Mas, antes, a repercussão do que dizia, entre pares ou em fóruns liberais, era menor. Agora, é o superministro que representa um governo e, por isso, deveria ser mais cauteloso com as palavras. Guedes se transforma em um sincericida contumaz.
O improviso pode ser uma armadilha. É na empolgação que se deixa escapar o que se realmente pensa. Ao considerar um absurdo domésticas viajarem para a Disney, escancarou um claro preconceito. Guedes pode ser um brilhante economista, mas parece não conhecer as ruas, os grotões do Brasil e as agruras do povão. Vive em gabinetes e salas de reunião com engravatados. Talvez precise começar a ler pronunciamentos previamente redigidos e revisados.
CAIO CIGANA - INTERINO
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