sábado, 15 de fevereiro de 2020



15 DE FEVEREIRO DE 2020
MONJA COEN

PARINIRVANA DE BUDA

Hoje é o dia do Parinirvana de Xaquiamuni Buda, de acordo com estudiosos e pesquisadores das grandes universidades do Japão.

Parinirvana significa o Nirvana final. Nirvana é paz resultante da sabedoria correta, sabedoria que nos permite atravessar o oceano de nascimento, velhice, doença e morte com tranquilidade e plenitude.

Nirvana pode ser alcançado por você, agora. Pode ser obtido, penetrado, reconhecido quando há contentamento com a existência, tranquilidade, sabedoria e compaixão. A palavra em si significa extinguir - extinguir as oscilações da mente. A mente não cessa, continua a fluir, mas reconhecemos alegrias e tristezas, ganhos e perdas, luz e sombra. Percebemos a impermanência e a interdependência de tudo e de todos.

Parinirvana é o grande final, a grande paz e tranquilidade. Morrer bem.

Não é suicidar-se, não é provocar a sua própria morte ou a morte de alguém. É compreender a impermanência e a interdependência. É fazer o seu melhor. É apreciar a existência.

Buda se esforçou sem esforços inúteis. Nasceu, envelheceu, adoeceu e morreu - entrou em Parinirvana.

Estava com 80 anos de idade, quando assim se deu. No meio de uma noite silenciosa, sem nenhum rumor. Deu seu último ensinamento - o Breve Parinirvana Sutra, recomendando aos seus discípulos que não se lamentassem e que o mantivessem vivo através dos ensinamentos e da vida pura.

Deixou muitos discípulos e discípulas, que se espalharam e continuam se espalhando pelo mundo.

Durante sua vida, teve muitos contestadores - alguns se tornaram seus seguidores. Teve um primo invejoso, Devadata, que queria ser um Buda. Faltava-lhe, entretanto, a sabedoria plena, a mente de Nirvana, o olho tesouro do verdadeiro ensinamento. Tentou dividir a comunidade, chamada de Sanga. Dizia que Buda estava idoso e fraco, que apenas ele, Devadata, era capaz de reativar a comunidade por ser jovem e forte. Alguns o seguiram. A comunidade se dividiu. Entretanto, não demorou muito para que percebessem o engodo e voltaram a Buda. Devadata ficou furioso e tentou matar Buda ao jogar sobre ele uma pedra de cima de um desfiladeiro. A pedra caiu antes de Buda passar, e um estilhaço feriu seu pé. Por isso, ao morrer, surgiu para Devadata um mundo de grande sofrimento. Mas o primo faltoso, nesse último momento, se arrependeu e invocou: "Namu Xacamuni...".

Por haver se arrependido e invocado o nome do Iluminado, abriu-se a ele um mundo intermediário. A força do arrependimento modifica o carma, abranda seus efeitos.

A história acima é do Buda histórico, que viveu há mais de 2,6 mil anos. Chamaram-no de Xaquiamuni - o sábio da tribo dos Xaquias.

Ele nunca se intitulou Buda ou Muni - ele foi assim chamado por pessoas que o ouviram, entenderam e praticaram seus ensinamentos para acessar a mente iluminada.

O que é a mente iluminada? É a mente que vê com clareza a realidade assim como é. É a mente que discerne de forma correta como responder -sem ofender, sem ser ofendido. Reconhece o que é, no assim como é.

O assim como é, esse é movimento e transformação.

"Nada tem uma autoidentidade substancial separada e independente."

Pense nessa frase. Medite. Reflita. Reconheça. Agradeça.

Mãos em prece

Monja Coen escreve a cada 15 dias neste espaço - Na próxima semana, leia a coluna de Bruna Lombardi.

MONJA COEN

Nenhum comentário: