27 DE FEVEREIRO DE 2020
EM DIA
O CARNAVAL DA INOVAÇÃO
Robôs, fantasias com códigos de barra, passistas digitais. Faltou tempo pra tudo o que se queria mostrar? Um carro alegórico virtual pode ser acessado pelo smartphone. Desenho de processos, controle de tempo do desfile, acompanhamento de batimentos cardíacos dos integrantes. Por dentro e por fora, uma escola de samba de São Paulo, a Rosas de Ouro, levou o tema da indústria 4.0 para a avenida. Com algo que poderia ser considerado o desfile do futuro, o enredo "Tempos Modernos" fez, para os assuntos inovação e tecnologia, o que de melhor o carnaval pode fazer: questionar e levar à reflexão.
Desde a concepção do enredo até a forma de concretizar o desfile, tudo cheira a inovação. Para começar, um olhar para o futuro. O tema é desafiador para o mundo do Carnaval, uma festa popular, já que o assunto não faz parte do dia a dia das pessoas. Mas é fundamental que isso aconteça, porque "quem diria viver como ?
Os Jetsons? um dia, não ser fruto apenas da imaginação", como diz o samba, é uma realidade. Na execução, o trabalho de um grande grupo reuniu, além da escola, empresas de tecnologia, cientistas e alunos de universidades. A colaboração e a união de conhecimentos de diferentes agentes é condição fundamental para que a inovação aconteça. No formato, além de mostrar o que é a quarta revolução industrial, e como se chegou até ela, a tecnologia foi utilizada também no processo de desenvolvimento e de apresentação na avenida.
Não é possível, embora aconteça mais do que se imagina, querer mostrar inovação enquanto se mantém formas arcaicas de trabalho. Finalmente, e o mais importante, a reflexão e o questionamento de por que e para quem a tecnologia existe. Assim como a Rosas de Ouro canta "de escrever uma nova história chegou a vez; no futuro, a prosperidade não poderá ser privilégio de alguns", temos que saber que a inovação não é um fim em si mesma, mas um meio para o desenvolvimento e o bem-estar de todos.
No tema-enredo, a excelente alusão ao grande filme de Charles Chaplin traz um desafio. O ROXP4, o robô-personagem, quando diz: "Observava os seus movimentos para aprimorar os meus; aprendia e replicava cada um deles", já mostra que a tecnologia será o que as pessoas fizerem dela. E faz pensar, como pergunta o samba, quem será o protagonista entre nós, pessoas ou robôs?
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