terça-feira, 25 de fevereiro de 2020


25 DE FEVEREIRO DE 2020
EM DIA

10 milhões de likes

Uma consequência comum das inovações é o processo disruptivo nos ambientes em que elas ocorrem. A partir do novo, o que era antigo desaparece ou se torna insignificante. O aumento da velocidade de transferência de dados na internet, permitindo o fluxo de dados de vídeo, acabou com as lojas de aluguel de fitas ou DVDs, gerando o mesmo consumo via aplicativos do tipo Netflix.

Uma consequência comum das inovações é o processo disruptivo nos ambientes em que elas ocorrem. A partir do novo, o que era antigo desaparece ou se torna insignificante. O aumento da velocidade de transferência de dados na internet, permitindo o fluxo de dados de vídeo, acabou com as lojas de aluguel de fitas ou DVDs, gerando o mesmo consumo via aplicativos do tipo Netflix.

A humanidade vem sendo desafiada por um constante fluxo de novidades que, num ambiente capitalista, goste-se ou não, disputam, pela percepção de valor, a preferência de escolha dos indivíduos que formam populações que podem consagrar o novo. Isto ocorre do dia para a noite, no sentido de que transformações de hábitos e costumes se implantam de forma muito rápida. Neste caso funcionam as leis de mercado onde a liberdade de escolha é fundamental e o resultado é benéfico pois geralmente a identificação de valor assegura uma evolução com sucesso para todos.

No entanto estruturas formais de poder se opõem naturalmente às inovações e claramente tornam-se obstáculos para avanços. Na esfera política pode ocorrer o que está se passando no Brasil: a proposta de um novo ambiente combinada com a inércia da força de leis retrógradas, posturas com paradigmas e outras atitudes incompatíveis com novos ares inovadores.

As últimas eleições mostraram que os sistemas de broadcast, ou seja, redes de rádio e TV onde a informação é tratada e divulgada a partir de poucas fontes, formatada pelos padrões de seus editores e jornalistas, e espalhada num sentido único, da fonte para o povo (este passivo e somente ouvinte ou espectador), foram substituídos de forma abrupta e assombrosa pelos sistemas peer to peer, ou seja, de indivíduo para indivíduo em redes sociais. 

Apareceu a inovação onde, de forma simples e de baixo custo, cada um de nós pode decidir ser um canal de difusão de informação sem passar pelo crivo de um editor de jornal ou de um produtor de uma emissora de rádio ou TV. Isto rompeu com o sistema de comunicação vigente no Brasil e criou mecanismos diferentes de discussão de ideias produzindo resultados diferentes no ambiente democrático.

O tempo de propaganda de TV teve seu valor dizimado e novos conceitos vieram à tona. O presidente, neste domingo de Carnaval, completou 10 milhões de likes em sua página no Facebook e, apostem, ele está ligado na inovação da comunicação. As estruturas reagem, mas se não gerarem valor compatível num ambiente livre estarão sujeitas ao mesmo destino dos discos de DVD.

RICARDO FELIZZOLA

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