17 DE FEVEREIRO DE 2020
PERIMETRAL
Férias para as diferenças
Depois de pedir o retorno de uma placa que exalta a família tradicional - formada por "pai, mãe e filhos" - em um movimentado cruzamento de Porto Alegre, a vereadora Comandante Nádia (MDB) agora assina o projeto de lei que institui a Esquina da Diversidade. Sim, um local para homenagear a comunidade LGBT.
Quem idealizou a proposta, na verdade, foi o suplente de vereador Marcelo Rocha, do PSOL. Ao assumir o mandato na semana passada, durante uma licença do colega de partido Alex Fraga, ele convidou Nádia para ser coautora do projeto.
- Temos visões de mundo muito diferentes, mas, com esse gesto, acho que passamos a mensagem de que é possível construir pontes em vez de viver sempre em guerra - acredita Marcelo.
Pela proposta, a Esquina da Diversidade seria o entroncamento da Rua Joaquim Nabuco com a Travessa dos Venezianos, na Cidade Baixa, conhecido ponto de encontro LGBT. O projeto prevê placas de sinalização com os seguintes dizeres, abaixo do nome: "Homenagem à luta de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais por igualdade e direitos". Nádia aceitou na hora o convite para endossar a proposta.
- Acredito que atualmente a família convencional precisa ser valorizada e preservada, mas as famílias não convencionais existem e não podemos esquecê-las. Fiquei muito grata por participar da criação de um espaço que as representa - avalia a vereadora.
Na semana passada, ela havia anunciado que pediria à prefeitura a recolocação da placa que sinalizava a Esquina da Família, no cruzamento da João Pessoa com a Princesa Isabel. Depredada há quase um ano, a placa exaltava a família como "Pai, mãe e filhos: um modelo simples e distinto repetido infinitamente em toda a natureza".
Marcelo Rocha, o suplente do PSOL, poderia ter comprado briga: não faltou gente sugerindo projetos para revogar a lei de 2000 - que instituiu a Esquina da Família - ou para alterar o controverso texto da placa. Ele foi mais inteligente. Ao propor a Esquina da Diversidade em outro local, muito mais identificado com o público LGBT, obteve apoio até de quem havia sido apontado como inimigo.
- Só quem ganha com esse ambiente polarizado são os interessados em confusão - resume Marcelo.
A cara da rua
Quando me dão uma moeda, sempre digo que “o teu dinheiro vale menos que a tua humildade”. Porque vivo com o pé sujo, estou na rua, sou confundido com ladrão.
Então, tu parar e falar comigo já é uma vitória. Sou alguém na esquina tentando incentivar a leitura com os livros que ganho. A pessoa me dá o que achar que o livro vale. Meu sonho é ver um Brasil mais educado pelos livros.
PAULO CÉSAR FRANCISCO
Na Avenida Getúlio Vargas
PAULO GERMANO
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