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segunda-feira, 6 de junho de 2011
06 de junho de 2011 | N° 16722
ARTIGOS - Renato Silvano Pulz*
Os amigos do rei
Otrem da História passa, mas é sempre mais do mesmo. No passado, os senhores feudais aceitaram a vida “dura” da corte em troca do apoio ao rei. A vida na corte era o sonho de todo homem. A nobreza, um mundo de conforto, luxo, bons relacionamentos e bons negócios. Eu até imagino os diálogos: aquelas terras férteis, na região tal, é só falar com o rei! Tenho que construir um castelo, mas não tenho dinheiro agora, o rei é generoso, fique tranquilo!
Estou com dificuldade de passar na fronteira os tecidos que comprei na China, será que o rei me quebra esse galho? Meu sobrinho está sem fazer nada, o rei podia arrumar um título para ele em alguma colônia? Está certa a compra de caravelas para o amigo do rei? E o rei vai mesmo mudar a moeda? O que o rei acha de aumentar os impostos? Já acertaram a redução daquela tarifa que combinamos? Nada como estar próximo do rei.
Bem lembrou Manuel Bandeira quando escreveu: Vou-me embora pra Pasárgada. Lá sou amigo do rei... lá tem tudo... O poeta, ao imaginar o lugar dos sonhos, sabia que ser amigo do rei era um bom negócio. Sempre foi e continua sendo, é o que parece, pois acabamos de testemunhar mais um exemplo de alguém que, quando ocupa um cargo político, em pouco tempo consegue aumentar seu patrimônio de forma desproporcional em relação ao tempo e aos seus rendimentos.
Pasárgada é aqui, na política da terra brasilis. Onde parlamentares conseguem comprar castelos, transformar-se em donos de redes de televisão, em fazendeiros latifundiários, em sócios de construtoras e empreiteiras, onde estagiários viram megaempresários.
Enquanto não aprendermos a votar conscientemente, estaremos fadados a assistir a esses episódios desrespeitosos com uma população que enfrenta uma rotina de trabalho duro e uma tributação das mais altas do mundo. Lembremos que os políticos são representantes legitimamente eleitos por nós e que podemos tirá-los de lá na próxima eleição.
Além disto, as manifestações de repúdio, seja em redes sociais pela internet ou em passeatas, são um direito que deve ser exercido. Recentemente, a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro cancelou uma compra de carros devido aos protestos da população. Devemos lembrar aos que ocupam função pública que não estão a serviço do rei, muito menos de seus interesses, mas sim, a serviço do povo que os elegeu.
*Professor universitário
Linda segunda-feira para você. Uma gostosa semana
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