
Papa já veio do Peru ao Brasil de ônibus
Estima-se que Robert Prevost já esteve ao menos quatro vezes no Brasil antes de se tornar papa Leão XIV, mas esse número pode ser ainda maior, pois neste cálculo não estão incluídas as viagens realizadas por ele ainda quando missionário da Ordem dos Agostinianos.
A visita mais antiga de que se tem registro de Prevost ao Brasil remonta ao início de 1992. Frei Márcio Antônio Vidal de Negreiros, atual secretário-geral da Organização dos Agostinianos da América Latina e Caribe (OALA), teve o primeiro contato com o Papa naquela ocasião.
- Aqui em Bragança Paulista, tínhamos a etapa de formação do noviciado. Em 1990, ele (o Papa) recebia estudantes em formação para a vida religiosa e para o sacerdócio, de vários países. E, em 1992, foi a primeira vez que ele esteve aqui, acompanhando um desses estudantes. Na época, eu morava em São Paulo e foi quando tive meu primeiro contato com ele, ao buscá-lo no aeroporto. É a primeira vez que temos registro dele no Brasil como frade agostiniano.
Depois disso, frei Márcio e frei Robert também trabalharam juntos em um encontro latino-americano de formadores da Ordem de Santo Agostinho, realizado em setembro de 1994.
Economias curtas e visitas oficiais
Frei Márcio relembra uma história curiosa: na década de 1990, um grupo de religiosos agostinianos do Peru precisava vir ao Brasil. Contudo, devido aos recursos financeiros limitados, saíram de ônibus do norte peruano rumo a Bragança Paulista, em uma viagem que durou cerca de três dias.
- São fatos que marcam a vida dele como religioso, missionário, e uma das experiências de sua vinda ao Brasil - contou à coluna.
Segundo o frei, há relatos daquela época de que, durante essa viagem, os "aventureiros" fizeram uma parada em Arequipa, onde, em um restaurante, o Papa comeu frango assado com batatas fritas.
Após seu trabalho missionário no Peru nos anos 1990, Robert Prevost retornou aos Estados Unidos e, posteriormente, seguiu para Roma, onde assumiu o cargo de prior-geral da Ordem dos Agostinianos, entre os anos de 2001 e 2013. Nessa função, veio ao Brasil em diversas "visitas de renovação".
- Em 2006, durante a beatificação do padre Mariano de la Mata, um frade agostiniano espanhol beatificado no Brasil, ele participou da celebração na Catedral da Sé, em São Paulo. Já em nossa província, em Belo Horizonte, em 2004, esteve na celebração dos 75 anos da nossa instituição, juntamente com os 70 anos do Colégio Santo Agostinho - relembra frei Márcio.
Há também registros de outras visitas, sendo as mais conhecidas em 2012 e 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude. Frei Márcio lembra das noites culturais promovidas nesses encontros, nas quais frei Robert costumava participar:
- Já circulam vídeos nas redes sociais de uma noite de Natal em que ele canta Feliz Navidad, depois em inglês... Ou seja, são situações espontâneas, experiências muito humanas e fraternas.
"Vai ser difícil chamá-lo de Papa"
Frei Márcio esteve presente no Consistório de 2023 no Vaticano, quando Robert Prevost foi criado cardeal.
- Vai ser difícil chamá-lo de Papa, né? (risos). O frei Robert sempre foi uma pessoa um pouco mais reservada, é parte do seu caráter. Mas sempre foi alguém acessível, comunicativo, aberto ao diálogo. Um homem que aprendeu a viver em comunidade.
E guarda com carinho as experiências que viveu ao lado do, agora, Pontífice.
- Sempre foi muito próximo, sempre disposto a colaborar, participar e dar o seu melhor. E é isso que ele fará na Igreja nesta nova fase da vida, com a idade, a capacidade, o conhecimento, a sabedoria e a experiência de fé que adquiriu. O que importa para ele como Papa, e para nós como cristãos católicos, é ter um homem cheio de Deus, capaz de dar testemunho de sua experiência e conduzir os fiéis com sabedoria. Será um papa para o nosso tempo, alguém que saberá dialogar, promover a unidade e a comunhão. _
A escolha do nome
O novo papa explicou, no sábado, o motivo da escolha do nome: Leão XIV. Como já se suspeitava, a opção por esse título lembra o legado de Leão XIII, pontífice entre 1878 e 1903.
- O Papa Leão XIII, de fato, com a histórica Encíclica Rerum novarum, enfrentou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial; e hoje a Igreja oferece a todos o seu patrimônio de doutrina social para responder a uma nova revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho - afirmou.
A declaração foi feita durante a sua primeira reunião com os cardeais:
- Vocês são os colaboradores mais próximos do Papa, e é um grande conforto para mim aceitar um jugo (desafio) que está claramente muito além das minhas forças.
Também destacou o legado de seu antecessor, Francisco. _
Biografia inédita do santo millennial
Nos últimos dias antes da morte do papa Francisco, Roma e o Vaticano estavam repletos de fiéis - principalmente jovens - preparados para a canonização de Carlo Acutis, beato italiano conhecido como o "padroeiro da internet". O evento, previsto para 27 de abril, foi adiado.
Agora, chega ao Brasil uma biografia inédita do santo millennial. Intitulada Carlo Acutis: sua Vida, seu Exemplo e seus Milagres (Minha Biblioteca Católica), a obra traz meditações do próprio beato, materiais encontrados em seu computador durante o processo de beatificação, além de relatos inéditos e um prefácio escrito por Antonia Salzano, mãe de Carlo. O texto original é de autoria de Marie & Jean-Baptiste Maillard.
O posfácio inédito do livro dedica-se ao milagre ocorrido no Brasil, que levou à sua beatificação: a cura de um menino em Campo Grande (MS). _
INFORME ESPECIAL
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