quinta-feira, 8 de maio de 2025



08 de Maio de 2025
ECONOMIA

Copom eleva juro básico a 14,75%, maior patamar desde julho de 2006

Aumento de 0,5 percentual foi o sexto consecutivo, consolidando ciclo de contração na política monetária. Decisão unânime foi influenciada por cenário externo "adverso", devido à política tarifária dos EUA. Comitê não deu pistas sobre o que fará na reunião de agosto

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual ontem, de 14,25% para 14,75% ao ano, conforme era esperado pela maior parte do mercado financeiro. A decisão unânime entre os membros do comitê eleva o juro básico ao maior patamar em 19 anos.

A sexta alta consecutiva na Selic consolida um ciclo de contração na política monetária. Após chegar a 10,5% de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e três de 1 ponto percentual.

O comunicado afirma que a decisão é "compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta". O Copom, porém, diminuiu a projeção para a inflação acumulada em 12 meses até o fim de 2026, de 3,7% para 3,6%, distanciando-se do teto da meta, de 4,5%.

O comunicado aponta ainda um ambiente externo "adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos EUA".

Diferente de ocasiões anteriores, o comitê não sinalizou o que deve ocorrer na próxima reunião, prevista para agosto. Segundo o texto, o cenário de "elevada incerteza" exige "cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação".

O novo aumento na taxa Selic iguala o patamar alcançado em julho de 2006, quando também atingiu 14,75% ao ano.

Na ocasião, contudo, a Selic vinha em um contexto de queda, após bater a marca de 19,75% um ano antes.

A elevação também faz com que o Brasil tenha o terceiro maior juro real (subtraída a inflação) do mundo. Segundo relatório da plataforma MoneYou, o juro real ficou em 8,65%, atrás apenas da Turquia (10,47%) e Rússia (9,17%).

Preocupação na indústria

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier, disse que o novo aumento na Selic "reforça uma trajetória preocupante para a indústria brasileira" e afirmou que o combate à inflação exige responsabilidade com as contas públicas e medidas de gestão. "Manter uma política de juros elevados como resposta única ao descontrole fiscal significa penalizar o setor produtivo", afirmou, em nota. 

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