quarta-feira, 7 de maio de 2025


07 de Maio de 2025
INFORME ESPECIAL

O perfil desejado de um papa

Não haverá outro Francisco. Isso é o que mais tenho ouvido nas últimas duas semanas dentro e fora dos muros do Vaticano. Mas é possível idealizar o perfil de seu sucessor. Foi o que os cardeais fizeram na última congregação geral antes do início do conclave.

O grau de detalhes que vieram a público, com rara transparência em se tratando de um período de Sé Vacante, mostra o quanto a Igreja Católica deseja passar uma mensagem de união, em meio a debates sobre a possível divisão da Cúria entre progressistas e conservadores, uma polarização mundana da qual o clero, obviamente, não escapa.

Foi reiterada a consciência de que muitas das reformas promovidas por Francisco precisam ser levadas adiante: o combate aos abusos, a transparência econômica, a reorganização da Cúria, a sinodalidade, o compromisso com a paz e o cuidado com a criação (leia-se meio ambiente).

"A responsabilidade da Igreja nessas áreas é sentida de forma profunda e compartilhada", diz o comunicado da Santa Sé.

Um tema central da reflexão foi o da comunhão, indicada como vocação essencial para o novo Pontífice. "Surgiu o perfil de um Papa que foi pastor, mestre de humanidade, capaz de encarnar o rosto de uma Igreja samaritana, próxima das necessidades e das feridas da humanidade", diz o texto.

Logo, há indicação de que o futuro pontífice seguirá os passos de Francisco - talvez um pouco mais moderado, mas, pelo que se presume do comunicado, não será um conservador.

Estiveram presentes 173 cardeais, incluindo 130 eleitores. Houve 26 intervenções que abordaram múltiplos tópicos. Segue o texto: "Em tempos marcados por guerra, violência e fortes polarizações, há uma forte necessidade de um guia espiritual que ofereça misericórdia, sinodalidade e esperança".

Durante a reunião, o Anel do Pescador (usado por Francisco) e o Selo de Chumbo também foram cancelados. O gesto encerra oficialmente os 12 anos de pontificado argentino. É o fim da era bergogliana. Uma nova começa hoje ou nos próximos dias. Agora, é só esperar a fumaça branca tomar o céu da Cidade Eterna. 

Cardeais brasileiros já estão confinados na Casa Santa Marta

Os cardeais brasileiros que participarão do conclave para escolher o sucessor do papa Francisco deixaram na tarde de ontem o Pontifício Colégio Pio Brasileiro, residência dos religiosos brasileiros em Roma, e chegaram a Casa Santa Marta, no Vaticano, onde ficarão isolados até o fim da votação.

Diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida e da bandeira do Brasil, os religiosos rezaram e cantaram nas escadarias do Colégio antes da partida.

Estavam presentes dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus; dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB; dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília; dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro; dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo; dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador; e dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida - que, por ter mais de 80 anos, não poderá votar no conclave. O cardeal João Braz de Aviz, que também vota, não estava presente, pois já mora em Roma.

Diante do grande número de cardeais, a Santa Sé solicitou que os religiosos entrem na Casa Santa Marta até, no máximo, a manhã de hoje, horas antes do início oficial do conclave. _

Rodrigo Lopes

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