quinta-feira, 8 de maio de 2025


08 de Maio de 2025
OPINIÃO RBS

Prevenindo a evasão

Na mesma semana em que o país toma conhecimento de que três em cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais, conforme dados levantados pelo Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), o governo gaúcho lança uma iniciativa promissora para combater a evasão escolar na rede pública estadual. Com o auxílio de ferramentas de inteligência artificial, a Secretaria da Educação do RS (Seduc) promete monitorar rigorosamente o desempenho e o comportamento dos alunos da Educação Básica para identificar aqueles que correm risco de interromper a trajetória escolar e dar-lhes atenção pedagógica diferenciada para que permaneçam na escola.

Apresentada na última terça-feira pela secretária estadual da Educação, Raquel Teixeira, a Política de Proteção à Trajetória do Estudante estabelece um conjunto de diretrizes focadas na prevenção da evasão escolar com base num sistema de identificação de risco e acompanhamento da frequência dos alunos. Dados extraídos do Censo Escolar de 2023 fundamentam a urgência dessas ações: do total de alunos matriculados no Ensino Médio, 8,9% abandonaram a escola antes do término do ano letivo e 10,6% foram reprovados - uma das causas motivadoras de abandono entre períodos do estudo.

De acordo com a titular da pasta, a Seduc já dispõe de uma plataforma de inteligência artificial capaz de mapear os alunos que se encontram em situação de risco de abandono, a partir da análise de indicadores como desempenho escolar, histórico pessoal e infrequência - o que professores sobrecarregados pelo acompanhamento coletivo das turmas nem sempre conseguem fazer com o necessário rigor. Porém, identificado o problema, a solução passa a ser humana: diálogo com a família, acolhimento e reforço pedagógico para superar a carência de aprendizagem.

No lançamento do projeto, a Seduc informou que 800 escolas, das 2,3 mil que integram a rede estadual, já aderiram à nova plataforma tecnológica. Evidentemente, o ideal é que todas assumam o mesmo compromisso para que os resultados comecem a aparecer e o programa tenha continuidade em futuras administrações. Para tanto, também é fundamental que os profissionais de educação sejam devidamente informados, capacitados e motivados a participar do projeto, para ficar transparente que não se trata de interferência política na autonomia escolar, mas sim da oferta de um novo e moderno instrumento destinado a beneficiar os estudantes gaúchos.

Ainda que mereça a atenção e o apoio da comunidade escolar, a nova iniciativa da Seduc para a retenção de alunos na escola representa apenas um pequeno passo no desafio de recuperar a qualidade da educação no Rio Grande do Sul. Mesmo descontando-se o tempo perdido e os prejuízos causados pela pandemia e pelas cheias do ano passado, os principais indicadores oficiais demonstram que nosso Estado continua avançando com demasiada lentidão no seu propósito de recuperar sua condição histórica de excelência educacional. _

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