quarta-feira, 7 de maio de 2025


Queda do petróleo ajuda consumo e complica contas

Não há sinal de paz efetiva e duradoura no Oriente Médio - ao contrário -, mas, apesar da manutenção do conflito que provocou combustão no preço do barril no ano passado, agora a cotação do petróleo cai para perto dos US$ 60. Bom para os consumidores, que têm alívio ao menos indireto no bolso, mas ruim para o Brasil caso se mantenha por muito tempo abaixo desse patamar.

Como assim? Primeiro, é preciso lembrar que, com o pré-sal, o Brasil se tornou um país exportador, a ponto de ser convidado a ingressar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). No ano passado, o óleo cru (sem refino) ultrapassou a soja como produto mais vendido ao Exterior. O valor das exportações foi de US$ 44,8 bilhões, 13,3% do total, enquanto o grão somou US$ 42,9 bilhões, ou 12,7%.

Com a queda na cotação, diminui a quantidade de dólares que entra no país. Isso significa potencial alta no câmbio - calma, outros fatores podem segurar esse efeito -, portanto ameaça inflacionária: sempre que o dólar sobe, aumentam os preços. E o impacto não fica restrito à balança comercial. Também pode significar arrecadação menor, com preocupação para o equilíbrio fiscal.

Em análise feita no mês passado, quando o petróleo cruzou o limite de US$ 60 para baixo, a XP estimou que, caso seja mantido nesse patamar, haveria queda de R$ 19,6 bilhões na receita líquida e redução de US$ 5,5 bilhões no saldo da balança comercial.

É bom lembrar que a Petrobras já fez três reduções seguidas no preço do diesel nas refinarias - na segunda-feira, ocorreu a mais recente. A estatal tem dado preferência para cortes nesse combustível com um objetivo: é o que mais pesa na inflação. Não diretamente, mas porque influencia parte significativa da cadeia de custos no Brasil.

No país em que cerca de 70% das cargas são movimentadas por meio rodoviário, diesel mais barato reduz custos do escoamento da produção agrícola e do transporte até o consumidor. É uma forma de reduzir o impacto na inflação. Conforme a XP, se a Petrobras reduzir os preços dos combustíveis em linha com a queda na cotação do petróleo, o alívio poderia ser de 0,2 ponto percentual no IPCA. _

Vaticano não precisa mais de disrupção

O conclave começa hoje sob condição definida em quase uma dezena de reuniões prévias da Congregação dos Cardeais: o novo papa deve ter orientação pastoral, ou seja, precisa estar próximo da vida das pessoas. Mas um novo Francisco não é provável.

As circunstâncias são muito diferentes. A renúncia de Bento XVI em 11 de fevereiro de 2013 foi creditada à idade avançada e à falta de força física e mental. Determinantes, mesmo, foram o acobertamento de abusos sexuais e o Vatican Leaks, que expôs corrupção, nepotismo, superfaturamento de contratos e até subornos para audiências papais.

Àquela altura, era necessária disrupção, representada pelo cardeal "do fim do mundo" - não por acaso - Jorge Bergoglio. Sua escolha por simplicidade também ajudou a mudar a imagem do Vaticano.

Ao contrário de 2013, hoje a Santa Sé precisa do oposto: continuidade, ao menos na forma de se relacionar com os fiéis. Como nos países desenvolvidos e nos emergentes ocidentais - basta ver o avanço de cultos neopentecostais no Brasil - o catolicismo perde terreno, pode ser a vez de outros continentes, como Ásia ou África. Desde que seu representante não seja tão disruptivo. _

Só uma seguradora pagou R$ 1,2 bi

Depois de quase dobrar de tamanho em cinco anos, a Rio Grande Seguros e Previdência, associação entre Icatu e Banrisul, pagou R$ 1,2 bilhão em benefícios em 2024, entre indenizações de seguros e resgates de previdência e capitalização.

Para o presidente da empresa, César Saut, mostra a capacidade de ser veículo para aporte dessa magnitude na economia gaúcha. Em dividendos, o repasse foi de R$ 135 milhões. Em 2024, a empresa teve lucro líquido de R$ 156,3 milhões. _

o pós-enchente

A conferência RS Mais Forte ocorre hoje no Instituto Caldeira em parceria com o governo do Estado. Vão se reunir RegeneraRS, Instituto Cultural Floresta, Federasul, BRDE e Meta para avaliar as contribuições de todos um ano depois do desastre climático de maio de 2024.

Cadernos do "Careca do INSS" dão gás a CPI

Começaram a pulular informações obtidas pela investigação da Polícia Federal nos documentos apreendidos na Operação Sem Desconto - a que relevou fraude no INSS estimada em R$ 6 bilhões. As mais comprometedoras, ao menos até ontem, envolvem os que pertencem a Antônio Carlos Camilo Antunes, apelidado de "Careca do INSS".

Conforme a PF, havia 20 cadernos com registro detalhado das atividades e das finanças do "Careca", apontado pela investigação como responsável pelo pagamento de propina a funcionários do INSS em nome das entidades que fraudaram o sistema usando dados falsos para fazer descontos na fonte dos beneficiários da previdência.

Foram encontradas anotações como "Virgilio 5%" e "Stefa 5%". Para a PF, seriam pagamentos ao procurador-geral do INSS, Virgílio Oliveira Filho, e ao ex-presidente do instituto Alessandro Stefanutto. Ambos só foram afastados pela Justiça na semana passada.

Esse tipo de detalhe vai dar gás ao pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso. Conforme as informações administradas a conta-gotas pela PF, ex-diretores do INSS e pessoas relacionadas teriam recebido R$ 17 milhões de intermediários das associações, como o "Careca".

Até agora, não havia indícios de envolvimento direto de Stefanutto, defendido com veemência pelo ex-ministro Carlos Lupi no mesmo dia em que a operação foi revelada. Sua defesa afirma que continua não existindo.

A base do afastamento de Stefanutto aprovado pela Justiça era omissão ou incúria, porque havia autorizado dezenas de milhares de descontos ilegais no pagamento de aposentadorias. Para isso, havia ignorado recomendações em contrário de técnicos e procuradores do INSS.

A própria PF avisa ter a expectativa de encontrar, nos cadernos, uma eventual confirmação do envolvimento de Stefanutto com a quadrilha e ainda descobrir quem mais pode ter recebido vantagens indevidas. É um prato cheio para uma investigação paralela. 

GPS DA ECONOMIA 

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