
Falta desconfiança às vítimas de fraudes
Se as pessoas tivessem mais "desconfiômetro", o terreno não seria tão fértil para golpes. O crime combatido pela Operação Malus Doctor (veja na página 15), no qual advogados são suspeitos - entre outras coisas - de fazer empréstimos fraudulentos, tinha um ponto crítico: as vítimas assinavam procurações em branco!
Caros, não se assina nada sem ler. Nem contrato para compra de um sofá. (Aliás, se alguém pedir um autógrafo a você, escreva de um jeito diferente da sua assinatura oficial.) Como se assina uma procuração, cedendo a alguém o direito de fazer coisas no seu nome, sem esclarecer que coisas são essas?
Com isso, as pessoas abriram a porteira para os golpistas entrarem com dezenas de ações revisionais do juro de empréstimos já existentes, o chamariz usado para atrair as vítimas. E mais: escancararam mais a mesma porteira para que eles tomassem novos empréstimos falsos, que as pessoas recebiam na conta e achavam que era já indenização da decisão judicial, cuja parte ainda entregaram aos golpistas como "comissão" pelo ajuizamento da ação.
Carência de educação financeira
Não é culpar as vítimas. A culpa é do criminoso. Porém, ele se espraia na falta de cuidado das pessoas, que carecem de educação financeira.
Desconfie da entidade de defesa do consumidor que quer te vender produtos, ainda mais se no site tiver "Já pensou em andar de lancha?", como uma das envolvidas neste caso de Porto Alegre. No caso do advogado Daniel Nardon, embora estivesse com status "Normal" no site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS), já havia dezenas de reclamações contra ele há meses na internet, fáceis de encontrar em uma pesquisa rápida.
Monitore seus contracheques e contas bancárias. Tanto neste esquema gaúcho quanto no escândalo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), havia descontos na folha de pagamento das pessoas por meses e anos. Dá trabalho? Dá, mas é o seu dinheiro em risco. _
Entrevista - André Meira - Diretor jurídico da Servicoop
"Até 150 novas ações por mês"
Cooperativa de crédito de servidores públicos do RS, a Servicoop recebe de cem a 150 intimações por mês de ações ajuizadas pelo escritório Daniel Nardon Advogados Associados, alvo da operação. O diretor jurídico André Meira conversou com a coluna:
Qual o prejuízo?
De 2023 até hoje, foram R$ 3 milhões com pagamento de ações revisionais e honorários de sucumbência para advogados. Temos 2,2 mil ações revisionais deste grupo, inclusive de contratos encerrados há 10 anos. A ação, às vezes, é de valor baixíssimo, mas os advogados ganham honorários de R$ 1 mil a R$ 1,8 mil por processo.
E a Justiça dava ganho de causa?
Deu por bastante tempo, mas vinha mudando em alguns casos. O entendimento era de baixar a taxa de juro à média de mercado medida pelo Banco Central. O problema é que o juro sempre depende do risco de cada operação. Por isso, se faz análise de crédito. Há contratos com taxa mais alta e outros com taxa mais baixa do que a média do mercado.
Com a procuração, o grupo solicitava empréstimos falsos no nome das vítimas. Isso ocorreu na cooperativa?
Não. Nosso método de concessão não permitiria, pois não concedemos empréstimo por procuração, somente quando a solicitação é feita pela própria pessoa.
A Servicoop já respondeu outro tipo de ação de Nardon?
Sim, em outra situação de advocacia predatória em 2010.Ações pediam limitações de desconto de servidores. É direito revisionar, mas não da forma como ele faz. Deve ocorrer quando há coação ou abusividade, não é o caso. E o cooperativado vem aqui, pode escolher outra instituição, sabe o que está contratando. Essas revisionais geram insegurança jurídica e na atividade econômica. _
O futuro da fábrica da Paquetá
Expectativa grande em Sapiranga para que seja ocupado logo o complexo industrial da Paquetá, vendido após meses de tentativas. São 60 mil m2, com dois prédios arrematados por R$ 46,2 milhões pela Alider Brasil Incorporações, de Flores da Cunha, que, porém, não quis informar os planos para o local. Em conversa com o secretário municipal de Indústria, Comércio e Tecnologia, Vinicius Santos, a direção deixou claro que seu negócio é setor imobiliário, com foco em incorporação e locação de grandes imóveis.
- Já há empresas que alugam o espaço. A intenção é dar continuidade à locação e expandir - conta o secretário. - Estamos preparados para receber empresas de qualquer setor, com nossa lei de incentivo.
Calçado ainda é a principal atividade econômica da cidade, principalmente com a Beira Rio. Para diversificar, o secretário comemora a chegada da Frumar, distribuidora de pescados que transferirá à cidade a operação inundada em Porto Alegre. _
Fechado o 1º Nacional
Foi fechado o primeiro supermercado Nacional, aberto em 1973. A loja ficava no centro de Sapucaia do Sul, na Avenida João Pereira de Vargas, 190. Quando inaugurada, a operação no prédio de 400 m2 tinha apenas dois caixas. Presidente do sindicato dos empregados do comércio, Luiz Rojério Martinelli conta que a loja chegou a ter 110 funcionários. Agora, somando com a de Esteio (também fechada), eram 90 empregados.
Ambas não foram vendidas, diz. O Nacional foi comprado pelo grupo francês Carrefour em 2022, que cogitava expandi- lo, mas decidiu tentar vender ou fechar a maior parte dos supermercados da bandeira até a metade de 2025. Algumas, com boas vendas, serão transformadas em Carrefour Bairro. _
Resquícios da inundação
Sete em cada 10 lojistas de Porto Alegre têm medo de uma nova enchente, mostra pesquisa do Sindilojas POA um ano após a tragédia climática histórica de 2024.
Segundo a pesquisa, os efeitos da cheia ainda são sentidos por 69% deles, principalmente diminuição de venda (50%) e do movimento (25%).
Quem mexeu no negócio depois apostou mais na venda online e em outras tecnologias.
Dentro da expansão de R$ 350 milhões, a UnidaSul abrirá em Porto Alegre mais dois atacarejos e um supermercado. O novo Rissul será construído na Avenida Otto Niemayer, no bairro Camaquã. As duas lojas do Macromix ficarão na Juca Batista, bairro Pedra Redonda, e na Professor Oscar Pereira, bairro Glória.
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