sexta-feira, 16 de abril de 2010



Labirintos da alma humana

Divulgação/JC - Foto: Divulgação/JC

O escritor húngaro Elie Wiesel, nascido em 1928 e atualmente residindo em Connecticut, Estados Unidos, é autor de mais de cem livros e já recebeu mais de cem títulos honoríficos de importantes instituições de Ensino Superior. Agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1986, Wiesel acaba de lançar no Brasil o romance O Caso Sonderberg. A narrativa trata dos temas preferenciais do autor como infância, memória, loucura, identidade, vida e morte.

As questões do livre-arbítrio, da responsabilidade individual e coletiva e a eterna busca pela verdade estão também na história que envolve imaginário, real, razão e espiritualidade, filosofia, direito e, fundamentalmente, os labirintos infindáveis da alma humana.

Werner Sonderberg, jovem estudante universitário alemão, é acusado de assassinato do tio durante uma viagem e protagoniza a história com Yedidyah, judeu polonês jornalista e crítico teatral que acaba, devido ao seu talento para interpretação de pessoas, escalado para cobrir o julgamento.

Acompanhando os desmembramentos do caso, Yedidyah começa a analisar sua própria vida e suas próprias escolhas. Em crise existencial, questiona sua identidade e se entende as reais necessidades de sua esposa.

Busca reencontrar rostos desaparecidos de um pai, uma mãe e um irmão. Yedidyah chega mesmo a recorrer à hipnose para buscar imagens de infância e lembrar e se reconciliar com uma história que, até o fim dos tempos, causará vergonha à humanidade.

O romance é narrado ora em primeira pessoa, por Yedidyah, ora em terceira pessoa e, como num diário, memórias, encontros, pensamentos, reflexões e digressões vão se acumulado e se mesclando. Perante o juiz Werner declara-se culpado e não culpado.

Onde começa e termina a culpa de um homem?, questiona Elie Wiesel, enquanto narra os ambíguos acontecimentos, emoções e pensamentos dos personagens.

No Brasil, Elie Wiesel já tinha publicado o romance Uma vontade louca de dançar, pela Bertrand. O Caso Sonderberg, seu mais recente sucesso, narrado sem regras preestabelecidas, mostra como somos humanos, demasiadamente humanos. Demonstra que na vida nem tudo é límpido e que pureza só é válida em química. Nem sempre é isto ou aquilo, preto ou branco.

Wiesel revela até onde a realidade pode estar misturada com a fantasia e como são profundos e escuros os desvãos de nossas almas. Bertrand Brasil, tradução de Karina Jannini, 208 páginas, R$ 34,00, mdireto@record.com.br.

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