segunda-feira, 26 de abril de 2010



26 de abril de 2010 | N° 16317
PAULO SANT’ANA


Gigantesca vitória

Há muito tempo, o Grêmio não obtinha uma vitória tão retumbante e singular como a de ontem.

O Internacional era o grande favorito, vinha de classificação maiúscula na Libertadores, enquanto o Grêmio se debatia na frustração de não ter se classificado para a finalíssima do segundo turno.

Todo o favoritismo do Internacional caiu na partida. O Grêmio foi muito melhor que o adversário na maioria das ações. A vitória já poderia ter vindo aos 14 minutos do primeiro tempo, quando Borges só tinha Abbondanzieri.

Apesar de Jonas ter chutado duas vezes na trave, a maior oportunidade do gol no Gre-Nal foi esta, perdida pelo Borges. Foi de lascar!

Grande vitória, inesperada vitória. O jogo estava em 0 a 0 e, se terminasse assim, eu estava preparado para escrever vastos e rasgados elogios ao treinador Silas, que armou uma muralha à frente da área gremista e nunca perdeu a chance de contra-atacar – ou simplesmente atacar. Foi estupenda a atuação de todos os jogadores do Grêmio, inclusive o menino Neuton, estreante da lateral esquerda, sobre quem recaiu grande responsabilidade, tendo se saído airosamente.

Silas é o grande herói desta vitória.

Não é fácil dominar o Internacional no Beira-Rio. Pois o Grêmio dominou e tomou conta do gramado no segundo tempo.

Havia uma grande e inteligente faixa diante da torcida colorada no estádio: “Bem-vindos ao inferno!”.

Sabe-se que o Beira-Rio é um inferno, mesmo, para os adversários quando está lotado.

Pois o Grêmio suportou esse inferno, enfrentou as labaredas, saltou sobre elas e acabou obtendo a maior vitória gremista dos últimos tempos, porque conquistada na casa do maior rival, porque o jogo era decisivo, porque desde 1993 o Grêmio não ganhava no Beira-Rio em Gre-Nais do Gauchão, porque os 2 a 0 permitem que o Grêmio ganhe o título mesmo que possa vir a perder por diferença de um gol no Gre-Nal do Olímpico.

E porque, principalmente, Guiñazu levou o terceiro cartão amarelo e não joga o segundo Gre-Nal.

Na Gaúcha, um torcedor do Grêmio flauteou no fim do jogo: “Se o inferno é aqui, eu quero voltar aqui mais vezes”.

Brava torcida gremista que foi ao Beira-Rio e acreditou na vitória. Esses quase 2 mil gremistas são a joia da coroa do clube das três cores.

Eles enfrentaram 40 mil torcedores do Internacional e enfrentaram principalmente um favoritismo colorado que era admitido até pelos gremistas, ou seja, é uma façanha ainda maior comparecer fisicamente àquele inferno.

Se para quem é gremista já foi difícil e nervoso assistir ao jogo pela televisão, imaginem o que sofreram os quase 2 mil gremistas que foram ao Beira-Rio.

Eles são a essência do clube, eles são os heróis, parabenizo a cada um deles pelo feito, um abraço de solidariedade e admiração a cada um deles.

A grande vitória de ontem pertence a esse bravo punhado de torcedores.

Nenhum comentário: