quinta-feira, 24 de janeiro de 2008


ELIANE CANTANHÊDE

O pouso depois do caos

BRASÍLIA - Ninguém entendeu por que Congonhas, depois de demonizado, vai voltar a funcionar normalmente, como antes da grave crise aérea do ano passado.

Se as pistas continuam as mesmas, o pátio continua o mesmo, os prédios em volta continuam os mesmos, as companhias continuam as mesmas (até menos), o número de passageiros continua o mesmo (ou até mais), ou seja, se as condições objetivas são praticamente as mesmas, o que mudou?

Mudaram os comandos. A queda do Boeing em 2006, com 154 mortos, deflagrou um movimento dos controladores. Lula desautorizou o Comando da FAB e gerou uma queda em dominó na aviação civil. As companhias se aproveitaram.

O caos aéreo foi falta de Ministério da Defesa, falta de FAB, falta de Infraero, falta de Anac, com todos eles se acusando mutuamente enquanto as companhias atrasavam e cancelavam, pilotos e comissários sofriam e o usuário pagava o pato.

Lula errou feio ao manter as pessoas erradas nos lugares errados, na hora errada, ao quebrar a cadeia de comando e ao demorar demais para restituir o comando do Comando da FAB e trocar o ministro, a Infraero e toda a Anac.

As coisas começaram a voltar vagarosamente, mas o suficiente para que a aviação civil chegasse aos meses de pico, dezembro e janeiro, dentro da normalidade.

Normalidade não significa que tudo fosse e voltasse a ser uma maravilha, porque não era e não é, mas em pleno Natal e em pleno Ano Novo não apareceram imagens de famílias jogadas pelos chãos, pessoas descontroladas e aos berros nos aeroportos.

O caos não foi mais a tônica das tevês e dos jornais.

Falta evoluir da "normalidade" para uma solução real no centro nevrálgico, São Paulo, atender justas reivindicações dos controladores e priorizar o que, aparentemente, deixou de ser a prioridade no último ano: a segurança.

elianec@uol.com.br

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