02 DE DEZEMBRO DE 2023
SUCESSÃO PRESIDENCIAL
Argentina deve continuar atrativa para os turistas
Apesar das incertezas que cercam a posse do novo presidente eleito da Argentina, Javier Milei, especialistas avaliam que o país deve continuar sendo atrativo para os turistas brasileiros em 2024. Isso porque a expectativa é de que o cenário de desvalorização do peso não mude significativamente no primeiro ano de governo. Também se espera que o alto potencial econômico do turismo seja considerado na tomada de decisões por Milei.
Até setembro, a Argentina havia recebido cerca de 5,3 milhões de visitantes estrangeiros - o segundo maior número do período em 13 anos, conforme o Instituto Nacional de Promoção Turística (Inprotur). O país também registrou a maior entrada de turistas do Brasil por via terrestre desde 2010: foram em torno de 337,5 mil pessoas em nove meses.
Considerando todos os meios de transporte, 1.025.854 brasileiros foram para a Argentina entre janeiro e setembro deste ano, conforme a editora Panrotas.
Estrutural
Pedro Dutra Fonseca, pesquisador e professor do Departamento de Ciências Econômicas e Relações Internacionais da UFRGS, explica que a ida ao país está atrativa para os turistas do Brasil porque o peso está muito desvalorizado. Fonseca avalia que o mais provável é que, pelo menos a curto prazo, as viagens para a Argentina continuem valendo a pena para os brasileiros, em especial porque o problema de balanço de pagamento do país "dificilmente vai se resolver da noite para o dia". Em sua visão, o cenário não deve se alterar muito em 2024, permanecendo vantajoso para turistas do Brasil que queiram visitar, fazer compras, se hospedar e ir a restaurantes:
- Esse problema da falta de dólar na Argentina é estrutural. Como vai fazer para entrar dólares no país? Ele teria de exportar mais, importar menos. Teria de ter uma recessão muito grande e credibilidade externa para os empresários voltarem ao país. Isso não é fácil de resolver da noite para o dia. O cenário mais provável é que, mesmo que ele (Milei) encaminhe um plano mais racional para a economia, o efeito não seja tão imediato.
Paulo Gusmão, diretor do Sindicato das Agência de Viagens (Sindetur-RS) e CEO da operadora Galápagos Tour, se diz otimista em relação às viagens de 2024 para o território argentino, principalmente se o governo mantiver uma política de turismo semelhante à que existe e se não cumprir o plano de dolarização da economia:
- Se dolarizar, acho que pode ficar ruim para nós. Agora, se o peso se mantiver como está e baixar um pouco a inflação, eu acredito que continue bom. Temos bastante procura para 2024 e eu acredito que vá permanecer como está ou até melhorar para os brasileiros.
Na visão de Gusmão, Milei deve tomar decisões favoráveis ao turismo, já que o setor também movimenta a economia do país. Ele garante que houve crescimento na procura por viagens para a Argentina nos últimos anos, mas ressalta que a rede hoteleira ainda não está tão barata como o esperado e que há um grande problema em relação ao alto custo das passagens aéreas - por esse motivo, muitos visitantes têm optado por viajar de carro.
- O restante, está barato. As tarifas de serviços estão muito boas, e a alimentação também está com preços muito atrativos - comenta Gusmão.
Esse problema da falta de dólar na Argentina é estrutural. (...) Isso não é fácil de resolver da noite para o dia. O cenário mais provável é que, mesmo que ele (Javier Milei) encaminhe um plano mais racional para a economia, o efeito não seja tão imediato.
Pedro Dutra Fonseca
Pesquisador e professor do Departamento de Ciências Econômicas e Relações Internacionais da UFRGS
Se dolarizar, acho que pode ficar ruim para nós. Agora, se o peso se mantiver como está e baixar um pouco a inflação, eu acredito que continue bom. Temos bastante procura para 2024 e eu acredito que vá permanecer como está ou até melhorar para os brasileiros.
Paulo Gusmão
Diretor do Sindicato das Agência de Viagens do RS e CEO da operadora Galápagos Tour
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