terça-feira, 24 de janeiro de 2023



24 DE JANEIRO DE 2023
+ ECONOMIA

Gaúchas na lista da Americanas

Quando sair a lista de credores da Americanas, vão saltar nomes conhecidos dos gaúchos. Haverá fornecedores de todos os portes, com destaque para um trio: Tramontina, Neugebauer e Mor.

A indústria com sede em Carlos Barbosa vende talheres, panelas e outros utensílios de cozinha. O conselho de administração avalia o assunto, mas prefere não comentar como atuará. A Neugebauer confirmou que a Americanas é "grande cliente", mas afirmou que está, no momento, "respeitando o desenrolar da situação". A Mor, de Santa Cruz do Sul, produz cadeiras e outros itens de praia, piscinas plásticas e utensílios de churrasco, cujas encomendas crescem muito antes do verão. A coluna consultou a Mor, mas não obteve retorno.

foi a queda nas ações do Banco do Brasil ontem, depois do anúncio de que a instituição vai estruturar o sistema de crédito a exportações brasileiras para a Argentina. Outros bancos caíram, como o Santander (4,8%), com preocupação do impacto da RJ da Americanas.

Não é "moeda comum", é saída para falta de pagamento

Entre silêncios brasileiros e barulhos argentinos, a criação de um instrumento de liquidação de operações comerciais entre os dois países já ganhou até nome: "sur", já apelidado de "sur-real" (sim, com intenção irônica). Há longo percurso até para criar a alternativa que seria apenas uma saída para a escassez de dólares na Argentina e a decorrente redução nas vendas de empresas brasileiras.

A coluna já observou que moeda comum é impossível quando o Brasil tem uma muralha de dólares no Banco Central, enquanto o pequeno dique da Argentina está cheio de buracos. O problema é que as restrições ao pagamento das importações por parte da Argentina está colocando pressão em uma solução de prazo mais curto.

A coluna registrou, ainda, a "alternativa" das montadoras: comprar imóveis na Argentina com pesos para não ter de esperar a liberação em dólares. Aqui, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a se irritar com perguntas sobre o tema. Poderia ter aproveitado a oportunidade para esclarecer.

Em contraste, uma entrevista do ministro da Economia argentino, Sérgio Massa, ao jornal Financial Times, às vésperas do encontro, aumentou a polêmica. Massa "batizou" a moeda e afirmou que teria ambição semelhante à do euro, de substituir as denominações nacionais.

Foi preciso que o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, desfizesse a confusão: não há intenção de substituir real ou peso. Disse que a tarefa do grupo de trabalho criado para desenvolver a ideia é "poder realizar comércio entre os países e superar a dificuldade de aceitar pesos".

- O comércio entre Brasil e Argentina está constrangido pela indisponibilidade de moeda de um terceiro país que não participa desse comércio.

Essa era a expectativa dos empresários gaúchos que acompanham a visita: abertura de caminho para uma solução, que não será de curto prazo.

- Queremos suprir a carência que nosso parceiro tem de acesso a divisas, criando uma linha de crédito em reais. É uma operação de mercado tradicional, que exige colaterais, ou seja, garantias exequíveis e liquidáveis - disse Galípolo.

Conforme o secretário-executivo, a linha de crédito em reais será o primeiro passo, que deve avançar para uma espécie de câmara de compensação (clearing) entre as importações e as exportações de cada país.

MARTA SFREDO 

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