quinta-feira, 12 de janeiro de 2023


12 DE JANEIRO DE 2023
ATAQUE ÀS INSTITUIÇÕES

Ônibus de empresa de vereador transportou caxienses a Brasília

Firma aparece na lista elaborada a pedido do STF, que pretende identificar passageiros e financiadores dos atos de domingo

Um ônibus de Caxias do Sul, na Serra, foi listado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) entre os veículos fretados com destino a Brasília entre os dias 5 e 8 deste mês. O coletivo pertence à empresa Alex Godoy Transportes Ltda., a Gravatinha Turismo, que tem entre os sócios o vereador caxiense Adriano Bressan (PTB), o qual fez campanha para Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

Bressan nega qualquer envolvimento com os atos antidemocráticos ocorridos no domingo, quando radicais invadiram e vandalizaram os prédios dos três poderes na capital federal. Conforme informado pela ANTT ao Supremo Tribunal Federal (STF), foram identificados 253 ônibus fretados à capital do país. A informação foi solicitada pelo ministro Alexandre de Moraes, para identificar participantes e organizadores dos ataques em Brasília.

A partir do levantamento, a Gravatinha Turismo foi identificada e deverá ser notificada para apresentar a relação de todos os passageiros e contratantes do serviço.

Em entrevista ao jornal Pioneiro, o vereador negou qualquer envolvimento com a contratação e com as pessoas envolvidas no transporte. Segundo Bressan, o contato para fretamento do ônibus foi feito diretamente com a empresa, sem passar por ele.

- Não tenho nada a ver com isso. Fui contratado. Não conheço as pessoas (que contrataram), e nenhuma das pessoas que estavam dentro do veículo. O contato foi feito com o pessoal da empresa - afirmou ele, completando:

- Hoje sou sócio, mas atuo como vereador, então não fico na empresa. A empresa tem secretária, tem a logística dela, e foi contratada. O contato foi diretamente com a secretária, foram informados os RGs, que é obrigação, fornecidas as documentações, e contrataram o veículo para ir a Brasília. Não perguntamos para as pessoas que contratam se vão acampar, se vão jantar, se vão à praia ou à piscina. As pessoas contratam, e a empresa viaja. Não sabíamos de nada, não sabíamos o que ia acontecer.

O vereador diz que o ônibus, o único da empresa, já saiu de Brasília, mas sem os passageiros, que ficaram na Capital. Ele afirma que ainda não recebeu nenhum contato ou notificação judicial solicitando informações sobre os viajantes ou o contratante:

- Temos a lista da ANTT, eles podem acessar o CPF e o nome de todas as pessoas que estavam dentro do transporte, nem precisaria notificar judicialmente. Se formos chamados para ser ouvidos, vamos mostrar a lista, os pagamentos como ocorreram, temos tudo, não vamos esconder nada. Não temos nada a esconder.

Bressan garante que passou o final de semana em Caxias do Sul e ficou sabendo dos ataques pela televisão.

- Agora, por eu ser um dos proprietários da empresa, porque fiz campanha ou votei no Bolsonaro, estou atentando de alguma forma? Estava em Caxias (no domingo), fiquei em Caxias, não fui para Brasília, não apoio, não faço parte do que foi feito. Estive em eventos junto com o prefeito, minha vida está aqui, nem sabia que estava acontecendo. Não apoio quebra- quebra, esse tipo de coisa, sou tranquilo - relata.

Garibaldi

Um ônibus da Realtur Viagens e Turismo Ltda., de Garibaldi, está preso em Brasília por força da determinação do STF que apreendeu pelo menos 87 veículos após os ataques de domingo.

Em nota, a Realtur diz que teve ônibus contratado para viagem entre os dias 5 e 11 de janeiro, com destino a Brasília. Entretanto, afirma desconhecer a programação dos passageiros e se coloca apenas como contratada para o serviço, sem manter vínculo com contratantes ou passageiros.

 HENRIQUE TERNUS

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