26 DE JANEIRO DE 2023
ZÉ VICTOR CASTIEL
Bons tempos para a cultura
A indústria do entretenimento cultural está voltando a navegar em águas calmas e bons ventos. Identifico alguns fatores para que isso esteja acontecendo. Um deles é a política de gestão cultural, que dá mostras de estar correta, uniforme e eficiente nos âmbitos municipal, estadual e federal.
Porto Alegre, em que pesem os parcos recursos, foi bravamente capitaneada por Gunter Axt, que usou criatividade e inteligência para determinar políticas culturais profícuas e agora passa o bastão para Henry Ventura.
Em nível estadual, Beatriz Araújo, que foi reconduzida ao cargo após a reeleição de Eduardo Leite, dá continuidade a uma gestão inteligente e criativa, transformando positivamente o cenário cultural do Rio Grande do Sul em uma verdadeira usina de descentralização, fazendo com que os recursos sejam distribuídos de forma equânime para que abranjam um enorme número de pessoas - não só na Capital, mas principalmente nos mais longínquos rincões do Estado. O Conselho Estadual de Cultura, com critérios minuciosos, é parte importante desse processo.
Já na área federal, com a festejada volta do Ministério da Cultura, a política retorna ao status quo anterior, quando se compreende que a indústria cultural se forja num tripé perfeito: políticas nítidas, trabalhadores da indústria cultural e empresariado, que sempre se utilizou da cultura para ações importantes de marketing.
Em suma: secretarias e Ministério não existem para financiar, e sim para determinar políticas públicas. Trabalhadores da área cultural não existem para sangrar cofres públicos, mas para entregar à população produtos de entretenimento de alta qualidade, e empresários, além de serem a mola-mestra da economia brasileira, também existem para alavancar as manifestações artísticas.
Outro fator importante foi o isolamento da população durante a pandemia. Agora, com o perigo minimizado e com a maioria imunizada, já é possível a reunião de pessoas. Isso canalizou muito para a área do entretenimento cultural. Soma-se a isso a avidez de reencontrar pessoas e retomar a diversão.
Isso tudo indica que os bons tempos da cultura estão voltando. Basta ver a lotação dos equipamentos públicos, a retomada do apreço às artes cênicas, plásticas, literatura, cinema e, principalmente, aos shows musicais.
O risível desmonte proporcionado pelo último governo federal e a tática de jogar a população contra a classe artística surtiu efeito contrário. Existe já um flerte, quase adolescente.
Coisa boa ver as artes e a população se reencontrando. Que assim permaneça para sempre.
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