24 DE JANEIRO DE 2023
CARPINEJAR
Sonhos por fazer
Tenho alguns sonhos que gostaria de realizar antes de morrer: - Jogar uma partida no Beira-Rio, estádio do meu clube. Se possível, fazer um gol e comemorar com o soco no ar do Falcão em direção à Guarda Popular. Mas tal façanha depende mais de meu talento de artilheiro do que do destino, porque ambiciono um confronto às ganhas, sem favorecimento pessoal. Não gosto de nada falso.
- Ver um pouso noturno em Porto Alegre da cabine do piloto. Já me emociono ao vislumbrar a minha capital da janelinha redonda, imagine contar com a perspectiva do janelão da frente da aeronave. Será uma máquina estrelada de fazer arrepios. Reconhecerei uma por uma das cidades próximas de Porto Alegre até mergulhar, macio, pela pista do Salgado Filho.
- Ir a um show da banda italiana Negramaro. Sou fã do som de Giuliano Sangiorgi, Emanuele Spedicato, Ermanno Carlà, Danilo Tasco, Andrea Mariano e Andrea De Rocco desde 2000, ano de seu surgimento. O grupo já ganhou o Festival de Sanremo, mas ainda é pouco conhecido no Brasil. Sua música me acalma.
- Visitar Assis (cidade de meu padroeiro, São Francisco), Florença (de meu poeta preferido, Dante) e Roma (de meu cineasta do coração, Fellini). É bem possível. Tenho viagem marcada com a minha esposa para final de fevereiro.
- Levar minha mãe de 83 anos ao Vaticano para conhecer o papa Francisco. Ela assiste às missas dele pela RAI como se fossem presenciais. Ela levanta do sofá e se ajoelha na sala de acordo com os ritos. Inesperadamente, a minha mãe é que dará a bênção ao papa.
- Ler o primeiro livro de minha filha, Mariana. Será a terceira geração de escritores de casa. Eu sei que ela tem um inédito na gaveta, mas ainda não criou coragem de me mostrar e muito menos de publicar. - Viajar com meu filho, Vicente, a Indianápolis, para que ele possa testemunhar, de dentro do ginásio Gainbridge Fieldhouse, jogos do seu time de basquete, Indiana Pacers.
- Comprar a primeira edição de Alguma Poesia, de Drummond. Nem faço questão de que seja autografada. - Assistir a uma Copa do Mundo fora do Brasil. Se eu não cumprir minhas fantasias, ainda assim me encontrarei feliz. Não me sentirei frustrado. Minha paz não depende delas.
Não devemos nos prender a caprichos que desmereçam o nosso presente. O que temos ou não temos não pode interferir naquilo que somos. A gratidão é ser contente também com tudo o que não foi feito. O próprio ato de sonhar já é suficiente para nos levar adiante e não nos apequenar com a realidade.
Talvez o que eu mais queira na vida seja repetir toda a família reunida ao redor da mesa: pais, avós e irmãos, agora com a presença dos netos. Mas meus avós não estão mais aqui. Deixo isso, então, para a eternidade da saudade. Desejar estar junto de quem amo é tudo do que preciso daqui para frente.
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