quarta-feira, 11 de janeiro de 2023


11 DE JANEIRO DE 2023
INFORME ESPECIAL

A bomba explodiu no colo de quem acendeu o pavio

A cena registrada na noite da última segunda-feira, em Brasília, ficará registrada na história: Lula ao centro, altivo, seguido dos chefes dos demais poderes, caminhando a passos firmes com os governadores até o prédio da Suprema Corte em destroços. A imagem da união de forças pela democracia será lembrada, também, como o retrato da autossabotagem bolsonarista.

Não foi só um tiro no pé. Foi uma bomba endereçada às instituições democráticas que acabou por explodir no colo dos próprios detonadores.

A fuga de Jair Bolsonaro para os EUA já havia dado a Lula a cena icônica da entrega da faixa presidencial por representantes do povo. Com os recentes atos de terror e as cenas lamentáveis de fanáticos celebrando a destruição do patrimônio público, os seguidores de Bolsonaro conseguiram o feito de fortalecer ainda mais aqueles que tanto repudiam.

Na prática, confirmaram a tese de que a democracia de fato vinha sofrendo ameaças reais no Brasil. Com os estragos, os furtos, o desrespeito, a violência, derrubaram o discurso até então predominante de que os protestos eram "ordeiros".

De quebra, ainda forneceram farto arsenal de provas para turbinar inquéritos no STF, inclusive o processo das fake news. E agora ainda motivaram uma comunhão até então improvável entre o atual presidente e governadores com posições políticas antagônicas.

Não foi a esquerda, não foi o PT, não foi comunismo, não foi Lula. Quem fez tudo isso foi o próprio bolsonarismo.

Muitos reclamam, com razão, de que os atos dos radicais extremistas viraram pretexto para que todos os eleitores de Bolsonaro - golpistas ou não - passassem a ser jogados na vala comum dos traidores da pátria. É verdade que a maioria não participou do triste espetáculo e condena os rumos da turba (assim espero), mas o estrago foi feito. E que estrago.

JULIANA BUBLITZ

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