"A porta do palácio foi aberta", diz Lula O bastidor
Apaixonado, incomodado, desconfiado e enraivecido. Esse é o homem Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu ontem um grupo de jornalistas no Salão Leste, no Palácio do Planalto, para um café da manhã regado a croissant, pães e sucos.
Articulado pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), o gaúcho Paulo Pimenta, esse foi o primeiro encontro do presidente com a imprensa desde a posse. Éramos 30 profissionais em uma mesa em formato de "U", que, de cara, despertou crítica de Lula, que preferia um quadrado. Desejava ficar mais próximo dos repórteres. O cenário fora montado por Ricardo Stuckert, o fotógrafo oficial da Presidência que, Pimenta fez questão de destacar, agora é também o chefe da Secretaria Nacional do Audiovisual.
Para as próximas, será feito como o presidente sugeriu. Stuckert, homem de confiança de Lula e Janja, aliás, é também o maestro: ele define quando os demais fotógrafos podem ou não fazer imagens.
O Salão Leste está limpo. Com as janelas cobertas por cortinas, não é possível observar se os vidros foram danificados pelos atos golpistas de domingo. Entramos na peça em grupos de quatro: duas mulheres e dois homens. - Diferentemente dos partidos políticos, a categoria de vocês tem equiparação - disse Lula.
O presidente está no centro da mesa. À sua esquerda está Janja. O presidente se declara: - Estou bem casado e apaixonado. Podia ficar namorando, mas voltei para cá para fazer o povo voltar a sorrir. Ao final, quando Stuckert orienta o presidente a fazer uma foto com o grupo, Lula olha para os lados:
- Onde está a Janja?
Ela estava conversando com assessores a cerca de 10 passos de Lula, então cercado de repórteres que buscavam alguma declaração fora do pronunciamento principal. Com Janja de volta ao lado do marido, enfim, a foto é feita.
Durante uma hora de conversa, em café da manhã com jornalistas, entre eles este colunista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a porta do Planalto foi aberta para os atos golpistas de domingo. Como argumento para a suspeita, afirma que os vidros do acesso não foram quebrados, diferentemente do restante do andar térreo do palácio.
- Estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui - completou.
O presidente lançou suspeitas de conivência por parte da PM do Distrito Federal (DF) e das Forças Armadas. Admitiu que, passados 12 dias de mandato, há desconfiança devido ao grande número de militares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro na sede do Executivo:
- O que aconteceu foi um alerta de que temos de ter mais cuidado. A seguir, os principais temas abordados.
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