13 DE FEVEREIRO DE 2020
POLÍTICA +
Dupla humilhação em praça pública
Reeleitos deputados federais em 2018, Onyx Lorenzoni (DEM) e Osmar Terra (MDB) nunca correram risco de ficar ao relento se perdessem os ministérios aos quais se agarraram com unhas e dentes, apesar do evidente processo de fritura a que foram submetidos nos últimos dias. No mínimo por gratidão pelo que fazem para defender seu governo até nas questões indefensáveis, Bolsonaro deveria poupar os dois gaúchos da humilhação.
Ou Bolsonaro vem a público e desmente a demissão ou anuncia de vez as mudanças no ministério, agradece pelos bons serviços prestados e acaba com essa agonia em praça em pública.
Diante das notícias de que o presidente convidou o general Walter Braga Netto para assumir a chefia da Casa Civil, e que Onyx seria rebaixado a ministro da Cidadania, os dois gaúchos vieram a público para dizer que não sabiam de nada.
Até o fechamento desta edição, a informação extraoficial era de que Onyx "aceitou" trocar a Casa Civil pelo ministério que Osmar Terra ocupa desde o início do mandato. A Terra teria sido oferecida uma embaixada como prêmio de consolação.
Não será surpresa se Bolsonaro prolongar o suspense, até porque Braga Netto estaria resistindo a aceitar o cargo. Circulam informações de que o general Augusto Heleno foi sondado e não aceitou substituir Onyx.
Em um ano, Bolsonaro mostrou que é adepto da fritura em fogo brando. Queima os ministros e depois diz que as notícias sobre a saída eram fake news, como fez com Ricardo Vélez, o ministro da Educação demitido depois de semanas de fritura e substituído por Abraham Weintraub - outro que se dependesse dos aliados do governo já teria recebido o bilhete azul.
O presidente usou método idêntico para fritar Gustavo Bebbiano, o ministro que inaugurou o Vale dos Caídos. Bebbiano saiu por pressão de Carlos Bolsonaro. Virou um crítico do governo. O general Santos Cruz passou pelo mesmo processo.
Onyx é do time nuclear de Bolsonaro. Fez campanha para o candidato do PSL, contrariando a orientação do DEM, que na eleição de 2018 estava com Geraldo Alckmin. A se confirmar a troca, tentará fazer limonada do limão e dizer que é mais útil à pátria no Ministério da Cidadania.
Do ponto de vista político, é um rebaixamento: a Casa Civil forma com a Justiça e a Economia o tripé mais importante do Planalto. Para quem tem pretensões eleitorais, o Ministério da Cidadania é mais interessante, porque tem sob seu guarda-chuva os programas sociais do governo.
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