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quinta-feira, 7 de abril de 2011
07 de abril de 2011 | N° 16663
PAULO SANT’ANA
As sobrancelhas do Brossard
Quem for convidado para um jantar em que estiverem presentes o ministro Paulo Brossard e o jornalista Cláudio Brito pode desistir de querer falar alguma coisa, porque não vai falar nada.
Brossard e Brito têm uma tal compulsão pela palavra, que todos os que estão a seu redor ficam obrigatoriamente calados.
O Brito tem uma habilidade que frequenta todas as reuniões e jantares: quando outra pessoa está falando, ele já tem engatilhado o discurso que vai dar. E, quando o outro que está falando respira ou faz uma pausa, ele entra resolutamente e quem estava falando nunca mais fala.
Depois que o Brito engata, vai só na banguela.
Com o Brossard se dá o mesmo em engenho e arte, mas diferente no método: ele não fala só com a língua e os lábios, ele consegue falar com as sobrancelhas.
Brossard é tão respeitável em qualquer roda, que ele vai falando, de repente faz uma pausa, mas continua incrivelmente falando com os ademanes das suas sobrancelhas.
Quando Brossard está falando, longas pausas interrompem seu discurso. Mas ele emenda artisticamente com o movimento de suas sobrancelhas.
E as sobrancelhas de Brossard falam, a gente as escuta com os nossos olhos.
Eu me dei ao trabalho de ver o Brossard mexendo as sobrancelhas, todo mundo atento às suas sobrancelhas. Quando ele parou de mexer com as sobrancelhas, todos concordaram com o que as sobrancelhas do Brossard “disseram”, sacudindo a cabeça afirmativamente.
É uma técnica que o Dr. Brossard aprendeu na vida e desenvolveu nas audiências do Supremo Tribunal.
Brossard e Brito são dois dos nossos maiores solistas.
São homens que não nasceram para escutar, eles vieram ao mundo com a exclusiva missão de falar.
Eles são apenas dois exemplos, conheço inúmeras pessoas iguais a eles, dominam todas as rodas com seu falar ininterrupto ou intermitente.
O Peixoto é outro grande solista que frequenta os cafés da Rua Padre Chagas.
Quando o Peixoto está na roda, só se ouve ele falando. De vez em quando, de 20 em 20 minutos, o Peixoto é interrompido só pelo garçom: “Os senhores estão precisando de alguma coisa?”.
Parei e sentei à mesa em que estava o Peixoto. Ele só me cumprimentou e continuou falando.
Durante 25 minutos, tentei apartear o Peixoto, sem sucesso.
Não consegui. E, a bem da verdade, eu só queria dar uma bicada...
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