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quinta-feira, 7 de abril de 2011
07 de abril de 2011 | N° 16663
CLAUDIA TAJES
Chávez contra o silicone
Em um sério pronunciamento na televisão estatal há poucos dias, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, declarou guerra a mais um inimigo da Revolução. No caso, dois: os implantes de silicone. No seu estilo socialista-brejeiro, Chávez encheu o peito para discursar, dizendo que “é uma coisa monstruosa. Uma boa parte das mulheres se deixa convencer de que, se não tem seios grandes, está mal. O que é isso, compadre?” .
E foi além: “É doloroso ver mulheres que mal conseguem sustentar a casa, os filhos, comprar comida e roupas para a família, gastar dinheiro para aumentar os seios e se adequar a um estereótipo”. A cantilena continuou por muitos minutos mais, atribuindo aos implantes a responsabilidade por casos de gravidez precoce e consumo de drogas. O que é isso, compadre?
Mas à parte as bobagens do caudilho venezuelano e a estranheza que causa o líder máximo de uma nação ir à TV (controlada por ele) para falar de silicone, até que o companheiro Chávez tem uma certa razão. Não por condenar os implantes, que quem quer coloca e pronto. Mas pela crítica a todas que mudam a aparência menos por vontade própria que por se espelhar em alguma modelo, atriz ou modelo-e-atriz.
Com isso, ganha mesmo é a indústria da beleza, que deveria se chamar indústria da feiura, já que vive das imperfeições no rosto, no corpo, no cabelo e na autoestima alheias. Indústria que não para de encontrar defeitos para consertar, como as axilas escuras, por exemplo. Axilas escuras. A gente merece.
Por ser algo que muito me incomoda, tenho prestado atenção nos tratamentos para o bigode chinês, aquelas linhas em volta da boca que ficam mais e mais profundas com o passar do tempo, e que melhoram com injeções de materiais parentes do silicone, esse que o Chávez tanto odeia.
Engraçado é que o bigode chinês se acentua por causa dos risos, sorrisos e gargalhadas ao longo dos anos. Como se uma vida triste e bastante choro servissem para conservar a cútis sempre jovem.
Se o Huguinho sonha, dê-lhe discurso na TV outra vez.
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