Entenda as operações de compra de compra de dólar no mercado futuro
Daniel Marenco - 4.ago.2011/Folhapress | ||
Na Bolsa, cada contrato é de US$ 50 mil e tem prazos definidos |
Operações como as feitas pela JBS nos dias que antecederam a divulgação da delação premiada de seus controladores são comuns para empresas com forte presença no mercado externo, que buscam proteção contra variações na cotação do dólar, e especuladores que tentam ganhar com a oscilação da moeda.
Essas operações podem ser feitas com contratos na Bolsa ou no mercado de balcão e representam sempre um compromisso de compra e venda de dólares no futuro.
O comprador trava o preço hoje e vai acertar as contas só no prazo combinado, explica Pedro Paulo Coelho Afonso, diretor da corretora Gradual Investimentos.
Para um exportador, por exemplo, é interessante travar uma cotação mais elevada da moeda americana, pensando em manter suas receitas.
Um negócio de US$ 100 mil geraria para a empresa uma receita de R$ 329 mil com a cotação a R$ 3,29. O valor cairia para R$ 300 mil se o dólar recuasse para R$ 3.
No caso de uma importadora, a mesma transação poderia representar um custo adicional de R$ 29 mil. Na Bolsa, cada contrato é de US$ 50 mil e tem prazos definidos. Não é possível fracionar o valor da compra da moeda ou casar o negócio com um prazo que atenda suas necessidades específicas.
No mercado de balcão, o comprador define as regras da operação. Pode comprar US$ 437 mil para uma operação com vencimento em 20 dias. Mas precisa encontrar um vendedor para atuar como sua contraparte, ou seja, que aceite vender essa quantidade pelo mesmo prazo.
"Na Bolsa, você consegue comprar um carro do modelo Uno vermelho com as mesmas características e prazo de entrega. No balcão, você compra uma Ferrari", diz. Negócios com contratos futuros são registrados na Bolsa. No mercado de balcão não organizado, não é preciso manter registro.
Outro ponto é a facilidade de vender o contrato. Por ser padronizado, o que é negociado na Bolsa pode ter compradores antes do vencimento. No mercado de balcão, uma antecipação do contrato só seria possível após um acordo entre as partes.
"No caso da JBS, há um problema maior, que é a suspeita de uso de informação privilegiada", avalia Afonso, o diretor da Gradual Investimentos. "Os casos clássicos envolvem uma pessoa que transmite a informação para outra e se beneficia disso", diz.
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