segunda-feira, 19 de junho de 2017

Sexo forte: Por que as mulheres vivem mais que os homens?

Jarbas Oliveira/Folhapress
FORTALEZA, CE, BRASIL, 08.06.2015 - MERCADO-ESPECIAL SAÚDE. Grupo de terceira idade durante uma atividade de prevenção promovida pelo plano de Saúde "HapVida", em Fortaleza, que tem um programa focado na prevenção de doenças. As estratégias das operadoras de saúde para lidar com o envelhecimento da carteira de beneficiários Idosos. (Foto: Jarbas Oliveira/Folhapress) "*******EXCLUSIVO***********".
Mulheres sobrevivem melhor que os homens em todas as faixas de idade
Mulheres vivem mais que os homens. No Brasil, a expectativa de vida delas é 78 anos, contra 71 deles (7 anos ou 10% a mais); na União Europeia, 5 anos a mais, em média. Entre as 50 pessoas mais velhas do planeta, todas supercentenárias (mais do que 110 anos), só há três homens. Não só não faz sentido chamá-las de sexo frágil como é provável que tenhamos que trocar o título de mãos.

A tendência dos cientistas e do senso comum sempre foi achar que a diferença se devia a causas externas: mais exposição a estresse, mais mortes por violência na juventude e mais problemas cardíacos e pulmonares causados por maus hábitos na idade madura diminuiriam a expectativa de vida dos homens.

Isso pode ser verdade, especialmente em países como o Brasil, onde a violência é uma das principais causas de mortalidade entre homens jovens, e explica parte da diferença maior que as brasileiras vivem em relação às europeias.
Mas esses fatores não dão conta de toda a questão: as mulheres se mostram mais resistentes mesmo quando os estudos afastam as causas externas.

Uma das formas de estudar a diferença, isolando o efeito das condições de vida, é observar a resistência dos recém-nascidos. Muito antes que a violência juvenil, o álcool ou o tabaco, entre outras ameaças, possam reduzir a expectativa de vida dos meninos, as meninas já apresentam mais resistência logo após o parto.

"Em qualquer idade as mulheres sobrevivem melhor que os homens", disse o biólogo Steven Austad ao jornal londrino "Observer". Austad é especializado em envelhecimento, autor de livros, como "Why We Age" ("Por que envelhecemos", editora Wiley), e vários estudos recentes sobre o efeito do gênero na longevidade.

O foco da ciência agora se volta para entender o que torna o corpo feminino mais resistente ao envelhecimento. Em um artigo recente, denominado "Diferenças de gênero ao longo da vida" (na revista "Cell Metabolism", junho/16), Austad aponta para o fato de que "os mecanismos subjacentes às diferenças de gênero na longevidade são pouco conhecidos".

Há até quem proponha passar a avaliar doenças e curas de acordo com o sexo. Um artigo publicado em agosto passado na revista "Clinical Science", intitulado "Gênero, envelhecimento e longevidade em seres humanos", aponta que os estudiosos não deram atenção às características essenciais de homens e mulheres, apesar de todos os sinais dados pelas pesquisas.

 "De maneira geral, as diferenças de gênero aparecem de forma pervasiva e, no entanto, são pouco consideradas e investigadas, apesar de sua relevância biomédica", escreveram os autores Ostan, Monti, Gueresi, Bussolotto, Franceschi e Baggio, que sugerem: os estudos "preparam o caminho para uma medicina específica para cada gênero".

E as pesquisas mostram que as vantagens femininas acompanham todas as etapas da vida. "Quando comecei a pesquisar, descobri que as mulheres são mais resistentes a quase todas as principais causas de mortes", diz Austad.
Esses estudos sugerem que teremos muitas novidades científicas e práticas ao longo das próximas décadas. 

Desde os tratamentos médicos diferentes para umas e outros, como sugere o artigo da "Clinical Science" (há quem denomine a medicina especializada em mulheres como "feminologia"), até a criação de métodos de transplantar ou aplicar nos homens o que venha a ser descoberto como "segredo da longevidade feminina".

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