segunda-feira, 19 de junho de 2017

Plantações de alimentos orgânicos e de fibras fortalecem mulheres no sertão

Tatiana Cardeal/Divulgação
A agricultora Raimunda Rosalba de Souza Melo em sua plantação de algodão no Ceará
A agricultora Raimunda Rosalba de Souza Melo em sua plantação de algodão no Ceará
Nascida e criada no semiárido, a zootecnista cearense Andrea Sousa Lima, 39, constatou durante a vida e no dia a dia de sua profissão que há uma desvalorização do gênero feminino no campo. "As mulheres rurais passam o dia inteiro no roçado, no quintal, produzindo alimento, fazendo comida para a família, mas a sociedade não valoriza isso como um trabalho", afirma. Para ela, por não ser remunerada, a ação é vista apenas como uma ajuda.

Coordenadora da Esplar, ONG que atua no desenvolvimento da agricultura familiar no semiárido brasileiro, a zootecnista encabeça desde 2013 um projeto que utiliza o cultivo sustentável como ferramenta para empoderar mulheres. Dá orientações técnicas para que elas possam produzir orgânicos em quintais, com benefícios econômicos, ambientais e sociais para as comunidades.

"As mulheres do campo têm uma relação muito próxima com a produção do alimento no quintal. Ali é a sua unidade de produção, onde elas têm o domínio", diz Sousa Lima, que incentiva o uso de sementes crioulas, que não têm pesticidas e são adaptadas ao clima local.

As hortas orgânicas geram renda, que ajudam na autonomia financeira de 180 mulheres. Elas são organizadas em grupos para trocar de informações, facilitar a venda dos produtos sustentáveis e aumentar a incidência nas políticas públicas locais.
"Historicamente, as camponesas estiveram longe dos espaços políticos de decisão, das associações, dos conselhos municipais. Isso que a gente quer mudar", explica Sousa Lima, que conta com parceria do Instituto C&A nos projetos da Esplar.

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