domingo, 4 de junho de 2017


04/06/2017 02h00
elio gaspari

Jogo no TSE pode virar contra Temer, mas depende de fato novo
Eduardo Knapp/Folhapress
Sao Paulo, SP, BRASIL, 30-05-2017: Presidente Michel Temer (PMDB) passa ao lado do prefeito Joao Doria (PSDB) na abertura do Forum de Investimentos Brasil 2017 no Hotel Grand Hyatt, em Sao Paulo (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, PODER).
Presidente Michel Temer em São Paulo

Um veterano frequentador de manifestações que estava na esplanada dos Ministérios no dia 24 de maio garante que havia dois tipos de black blocs barbarizando a cena. Um, o mais aguerrido, podia ser reconhecido por duas características: estava na faixa dos trinta anos (enquanto o outro grupo estava nos vinte) e sua máscara era nova.

TEMPO SUPREMO

Na sessão em que teve a palavra para dar seu voto no julgamento do fim do foro privilegiado, o ministro Alexandre de Moraes falou por hora e meia, a duração de uma partida de futebol.
Ao fim, pediu vistas, coisa que era sabida e esperada.

Três ministros anteciparam seus votos, acompanhando Luís Roberto Barroso, que defende a morte do privilégio. A antecipação foi uma clara demonstração de desconforto dos colegas.

É sabido que Moraes ama o Direito e a própria voz. Resta saber se honrará seus aliados com um longo silêncio.

COMANDO MILITAR

Desde março, quando gravou oficialmente um vídeo revelando que padece de uma "doença neuromotora de caráter degenerativo", sabe-se que o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, caminha com dificuldade, apoiado numa bengala.

Deve-se registrar que Villas Bôas pediu ao presidente Michel Temer que o dispensasse do comando. Temer disse-lhe que ficasse.

NOME AOS BOIS

Quando o deputado Osmar Serraglio disse que foi retirado do ministério da Justiça por "trôpegos estrategistas" referia-se a dois marqueses do Planalto: Moreira Franco e Eliseu Padilha.
Resta saber até que ponto eles foram responsáveis por sua desastrosa indicação.

PLACAR

Na segunda-feira da semana passada, era certo que Dilma Rousseff e Michel Temer seriam cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Na quarta o placar virara. Dilma e Temer seriam absolvidos, por 5x2 ou 6x1.

Na noite de quinta esse resultado continuava de pé.

Até terça-feira o jogo pode virar, mas seria necessário um fato novo. Por exemplo: uma entrevista de Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala.

FHC E DE GAULLE

Fernando Henrique Cardoso jura que não tem interesse em substituir Michel Temer, caso ele deixe a Presidência.

Nos anos 50, durante as crises da república francesa, o general Charles De Gaulle manteve-se na sua casa da cidadezinha de Colombey-les-Deux-Églises. Se precisassem dele, deveriam vir chamá-lo. Pelo movimento da rua Formosa, onde funciona o Instituto Fernando Henrique Cardoso, se houver um impasse e um apelo multipartidário, FHC pode repensar a questão, voltando ao poder, como De Gaulle.

Uma alma viperina lembra que, completando 86 anos no próximo dia 18, FHC está cronologicamente afastado de De Gaulle, que regressou ao palácio aos 67 anos.

Numericamente, assemelha-se mais a outro general francês, levado ao poder em 1940 pelo que restava da França depois da invasão alemã. O marechal Philippe Pétain, herói da primeira guerra, tinha 84 anos. Assumiu a república de Vichy como Pai da Pátria, apoiado por um pedaço do conservadorismo francês.

Com o fim da guerra, Petain foi trancafiado numa fortaleza e lá morreu, em 1951

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