quinta-feira, 29 de junho de 2017

Um Mundo de Muros

Lalo de Almeida - 13.abr.2017/Folhapress
TIJUANA, MÉXICO, 13.04.2017: FRONTEIRA-MÉXICO - Pessoas na praia de Tijuana, no México, cortada pelo muro que marca a fronteira com a cidade de San Diego, nos Estados Unidos. (Foto: Lalo de Almeida/Folhapress)
Praia de Tijuana, no México, cortada pelo muro na fronteira com a cidade de San Diego, nos EUA
SÃO PAULO - É uma história que os adolescentes de hoje em dia só conhecem por livros e filmes. Teve início há 69 anos, completados neste 29 de junho, uma das mais escabrosas formas de separação social contemporânea, o apartheid.
Era uma política oficial de racismo nu e cru, implementada pelo governo da África do Sul. Não injustamente, o apartheid transformou o país em pária da comunidade internacional, num nível de dar inveja ao atual ditador norte-coreano.

O fim do regime de segregação sul-africano, nos anos 90, é daquelas coisas que dão a sensação de que o mundo foi ficando melhorzinho.  Só que, por mais que os costumes pareçam evoluir, a natureza humana não acompanha. A provar isso está a explosão pelo mundo de muros oficialmente destinados a separar gente de gente. Quando segregar por meios das letras legais ficou impraticável, tome concreto, tijolo e metal.

Já são 70 muros, segundo pesquisadores da Universidade de Québec, no Canadá. É o triplo do que conseguiram contar antes de 2001, ano dos atentados de 11 de Setembro. Isso para ficar só nas "grandes" barreiras —pois há outras, também físicas, que pululam diante de nós, numa segregação já incorporada ao Zeitgeist.

Para radiografar esse espírito do tempo a Folha lançou na segunda (26) a série "Um Mundo de Muros". O primeiro capítulo apresentou um casal mexicano que teve de acompanhar pelo Skype a formatura do filho que estuda nos EUA e mostrou que histórias assim têm autores insuspeitos como Barack Obama.
À luz do que se vê por aí, o brexit mais parece mesmo só um capítulo de um grande worldexit.
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Em tempo: ao conseguir a proeza de deixar os brasileiros sem passaporte pela terceira vez em um ano, o governo Temer indica que o Brasil também ambiciona um papel no isolacionismo planetário.

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