sexta-feira, 9 de junho de 2017



Dia do amor 

Dia dos Namorados. Melhor seria Dia Internacional do Amor. Amor por pessoas, ideias, artes, plantas, animais, santos, deuses e tudo mais. Amor acima de raça, religião, gênero, nacionalidade, acima de tudo. Amor sem definições, regras, limitações, envolvendo seres, silêncios, sensações e palavras num mar infinito. 

Há quem diga que o único amor eterno é o amor próprio. Nada contra ninguém, mas melhor pensar que o amor que dura é quando as pessoas mudam a alma e o corpo de casa e depois de tórrida paixão, que antigamente durava um ano ou dois, passam a viver o doce e o amargo dos dias de olhos e mãos dadas, até onde o infinito durar, como disse o Vinicius. O amor está muito acima de contratos, tempos determinados, regras de conduta, etiqueta ou de religião. O amor paira sobre qualquer definição. 

Óbvio que o amor precisa de alguma disciplina, mas não demais, que essa vida pós-moderna está mais para quadro surrealista de Salvador Dali do que para teoremas científicos. Uns dizem que a cura de um amor platônico, se é que ele precisa ser curado, é uma transa homérica. Há quem ache o amor platônico o único perfeito, ele que vive nos castelos da fantasia. Há os aparentemente simplórios que simplesmente dizem: amor é como pirulito, primeiro é doce, depois é palito. Exagero, acho, visão triste. 

Os para-choques de caminhões não mentem: amor sem ciúme é flor sem perfume; amor sem beijo é macarrão sem queijo; nas curvas do teu corpo capotei meu coração; no baralho da vida só uma dama encontrei. Filósofos e cientistas pensam, estudam e escrevem sobre o amor, algo infinito, múltiplo e único como os bilhões de humanos, que já viveram, estão vivendo e vão viver neste planeta. 

Aqui e ali uma sacada boa dos pensadores e cientistas, uma pesquisa interessante e algo novo sobre cérebros e corações. Uns dizem que o amor mora na cabeça, outros no coração, outros mais na alma e alguns em outras partes do corpo humano. Desde que amem, todos têm razão e emoção. Uns dizem que o coração é só um músculo. Outros, que o amor não deve morar na cabeça. Frases simples e estratosféricos ensaios à parte, o amor é que deve vencer no final e tornar feliz as noites de domingo. 

Será que o amor é maior e mais imortal do que os namorados, as pessoas, os animais, os seres vivos e tudo mais da natureza? Será que o amor é maior que os mares, os céus, o sol e a lua? Será que, mesmo para os amantes, o que importa mais é o amor em si? Será que o amor tipo o dos santos, que amam toda a humanidade, é maior do que o amor das gentes por algumas pessoas apenas? Amar é não perguntar muito. 

Nem responder muito. É quando, por vezes, as palavras são ditas com os olhos, as mãos, a alma, o corpo e o silêncio. Amor é não matar. Quem ama não mata. Quem ama mesmo vai amar outra pessoa. "Morreu, o nosso amor morreu/ Mas cá para nós/ antes ele do que eu" - está lá, na sábia canção do Paulinho da Viola. Um amor morre, outro nasce. Ou não. Solamente uma vez se ama en la vida? 

a propósito... 

Para encerrar, uma linda, atual e incomum história de amor. Um amigo e sua esposa, gaúchos, jovens e de classe média, adotaram, há poucas semanas, cinco crianças, irmãos, oriundos de outro estado brasileiro. As crianças têm aproximadamente de três a 10 anos e já estão morando, felizes, com os pais adotivos. É um caso raro, não chega a ser o único. Os pais preferiram não dar publicidade à adoção múltipla em respeito às crianças. 

Acho que a história fala por si e não há muito o que acrescentar. Nesse momento de crise moral, ética, política e econômica, num planeta violento, o exemplo diz tudo e nos faz acreditar no amor e nos seres humanos. Feliz Dia dos Namorados e Dia do amor! - Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/06/colunas/livros/566809-bukowski-o-velho-safado-e-o-amor.html)

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