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terça-feira, 5 de abril de 2011
05 de abril de 2011 | N° 16661
J. A. PINHEIRO MACHADO (interino)
Pesadelos aterradores
O livro Comer Animais (Editora Rocco), de Jonathan Safran Foer, está longe de ser um manifesto vegetariano. Começa com a avó judia do autor, na Segunda Guerra, fugindo dos nazistas, nas florestas da Europa: ela comia para continuar viva “até a próxima oportunidade de comer”.
E prossegue com uma cativante reflexão filosófica sobre nossos hábitos e nossas escolhas. Nos Estados Unidos, 50 anos mais tarde, conta Foer, “comíamos o que nos agradava.
Nossos armários estavam cheios de comida comprada por pura extravagância, comida de gourmet, mais cara do que valia de fato, comida de que não precisávamos. E, quando o prazo de validade vencia, jogávamos fora sem cheirar. Comer era um ato despreocupado”.
O nascimento de seu filho fez Foer repensar a relação com os alimentos e com os animais, a partir de uma terrível autocrítica. Por certo que o equilíbrio ecológico é feito de predadores que se devoram uns aos outros.
Mas o homem é o único predador que tortura suas vítimas: nós outros, ditos civilizados, achamos normal galinhas espremidas em gaiolas exíguas, bovinos, suínos e outros submetidos ao confinamento e práticas dolorosas antes da morte. Além do tormento moral, o desperdício: apesar da crescente escassez de recursos, diz Foer, “optamos por consumir menos de 0,25% dos alimentos comestíveis conhecidos no planeta”.
Outros estudiosos sérios vêm reiterando preocupações semelhantes. É o caso de John Gray, que escreveu Cachorros de Palha (Straw Dogs, Record), já na terceira edição brasileira, um livro de elegante simplicidade e muitos fatos.
O ponto central é que os humanos (ele suspeita da noção de “humanidade”) não são senhores do seu destino. Gray lembra que Darwin mostrou que somos como os outros animais. Mas o homem é um predador insuperável.
A destruição do mundo natural não é o resultado do capitalismo global, da industrialização, da “civilização ocidental” ou de quaisquer falhas em nossas instituições: “É a consequência do sucesso evolucionário de um primata excepcionalmente rapace. Ao longo de toda a história e pré-história, o avanço humano coincidiu com a devastação ecológica”. Em 1600, anota Gray, a população mundial era de cerca de meio bilhão: só na década de 1990, ela cresceu isso.
Uma população aproximando-se dos 8 bilhões só pode ser mantida devastando a Terra, com hábitats selvagens usados para cultivo e habitação, florestas tropicais transformadas em desertos verdes, a engenharia genética produzindo colheitas cada vez mais abundantes extraídas de solos cada vez mais debilitados.
Então, constata John Gray, “os humanos terão criado para si mesmos uma nova era, a Idade da Solidão, na qual pouco restará sobre a Terra além deles mesmos e do meio ambiente protético que os mantêm vivos”.
Os livros de Foer e de Gray são alertas bem-vindos. Ainda há tempo – e esperança – para evitar esses pesadelos aterradores.
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