Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
DÍVIDAS DO PASSADO
Essa história poderia ser contada assim. Era uma vez, dois povos errantes, hebreus e filisteus, que chegaram mais ou menos na mesma época ao mesmo lugar. Entraram em guerra. Os hebreus venceram. Ao longo do tempo, no entanto, foram invadidos, dominados, deportados e dispersados. É muito provável que os filisteus fossem de Creta, sendo um dos chamados 'povos do mar'. Viveram em Gaza.
Desapareceram depois do cativeiro na Babilônia. Entre 1517 e 1917, os turcos otomanos mandaram no pedaço e havia poucos judeus por lá. A comissão King-Crane, designada pelos Estados Unidos em 1919 para tratar da questão do Oriente, constata que 'a população não-judia da Palestina constitui 90% da população'.
Desde o final do século XIX, porém, com o surgimento do movimento sionista, cresce a imigração judaica pela região à base de compra de terras. Em 1947, o plano de partilha do território entre judeus e palestinos previa 50% para cada lado, embora os judeus fossem 1/3 da população e detivessem apenas 6% das terras, cabendo-lhes praticamente toda a faixa litorânea.
Os judeus sustentavam ser aquela a 'terra prometida' para eles. Direito religioso. Os palestinos eram vistos só como árabes, tendo muitos outros territórios árabes para viver. Acontece, porém, que eles não pensavam assim. A conquista da terra pelos israelenses se deu pela compra, pela ocupação e pela expropriação.
Em 1967, Israel passou por cima da Convenção de Genebra e implantou colonos em terras que não lhe pertenciam. Ainda permanece como ocupante em Golã, Jerusalém Oriental e parte da Cisjordânia. Vencida a fase de instalação, palavras terríveis como as de Vladimir Jabotinsky, um dos construtores da nação judaica, foram esquecidas: 'Todo povo indígena (e pouco importa que seja civilizado ou selvagem) considera seu país seu lar nacional, do qual ele será sempre e totalmente dono.
Jamais tolerará voluntariamente não só um novo dono, mas até mesmo um novo parceiro. Isso é o que ocorre com os árabes (...) A colonização sionista, mesmo a mais restrita, ou deve cessar, ou deve ser conduzida contra a vontade da população indígena (...) Tudo isso não significa que seja impossível um acordo.
O acordo voluntário é que é impossível. Enquanto eles tiverem um vislumbre de esperança de poder livrar-se de nós, não venderão este vislumbre por quaisquer palavras doces ou algumas guloseimas, porque não são usurários, mas uma nação, um pouco andrajosa, mas ainda viva'. Não parece hoje?
Ao contrário do mito – um povo sem terra para uma terra sem povo –, o pedaço tinha dono, embora os palestinos não se vissem como nação, no máximo uma Síria do Sul, nem vissem os judeus como etnia ou povo, mas como praticantes, feito eles, de uma religião.
Para uma visão, limitada certamente pelo origem do autor, com muitos dados e citações desconcertantes, não custa ler 'Por uma História Profana da Palestina', de Lotfallah Soliman.
Ou, de outro horizonte, ler 'Como o Povo Judeu Foi Inventado', do professor da Universidade de Tel-Aviv Shlomo Sand, que, em artigo no jornal Le Monde, comparou Israel a Golias, e os palestinos a Davi, numa inversão do mito.
Segundo ele, na medida em que a lei do retorno permite a qualquer judeu viver em Israel, será impossível convencer os refugiados palestinos a não desejar o mesmo.
Quem é compensado pelo horror supremo com o terror banal acaba sendo combatido pelo terrorismo.
juremir@correiodopovo.com.br
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