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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
03 de fevereiro de 2009 | N° 15868AlertaVoltar para a edição de hoje
PAULO SANT’ANA
Cândido ficou conosco
Tão grandes e tão apropriadas foram as últimas homenagens prestadas ontem a Cândido Norberto, que não caberia dizer mais nada sobre o grande homem que nos deixou.
Mas, apressado para chegar a tempo na cerimônia de cremação, atravessei a cidade refletindo sobre a grande ausência de Cândido Norberto.
Sem exagero, a natureza doou-nos ontem o dia mais bonito do ano. O sol estava tomado de um ouro de luz de incomparável beleza.
A cidade vestiu-se de maneira mais singela para servir de ribalta para o último dia de Cândido Norberto entre nós.
Antes de o Cândido morrer, confesso que me pejava elogiá-lo. Quando me referia a ele junto a meus amigos e colegas, constrangia-me com o que poderia soar como exagero no meu relato de suas virtudes.
Mas, agora, nessa ressaca sentimental que restou em mim com sua morte, encoraja-me falar nele, tantos foram os encômios que lhe lançaram nas cerimônias de despedida de ontem.
O ex-governador Antônio Britto, um dos tantos nomes que Cândido encaminhou para o jornalismo, disse ontem uma das coisas que eu tinha vergonha de dizer, mas gostaria de ter dito: “O Cândido foi o melhor de todos os jornalistas”. Foi.
O professor Luiz Artur Ferraretto, em estupendo e tocante artigo escrito à página 15 de ZH de hoje, chama-o de “o mais importante radialista da história do Rio Grande do Sul”. Foi.
A sensação de que fui tomado ao sair do crematório e vir escrever esta crônica é de que a vida é bela e instigante, vale a pena ser vivida, por nos dar a oportunidade de conhecer pessoas como Cândido Norberto.
Não sei por que fui tomado ontem à tardinha de um entusiasmo por estar vivo e ter conhecido o Cândido, ter aprendido suas lições, ter admirado seus exemplos de ética, de humanidades, de generosidade com os que estão passando por aflições, assim como pela sua prodigiosa capacidade de compreender a vida pela ótica do jornalismo e do rádio.
Ninguém como o Cândido Norberto amou tanto o rádio. Ninguém como ele fez tanta coisa no rádio, fez de tudo, de narrador de futebol a galã de novela no tempo em que a novela no rádio tinha igual repercussão que novela de hoje na televisão, até comentarista de um nível tal, que o elevou a um dos maiores oradores da Assembleia Legislativa, num tempo de cobras criadas como Paulo Brossard e Britto Velho, com quem cotejou no microfone dos debates.
Mas o que mais fez o Cândido no rádio foi ser ouvinte: foi o mais atento e extremoso de todos.
Um dos maiores apanágios do Cândido Norberto foi a extraordinária obsessão com que se lançava aos zelos e cuidados com a reputação das pessoas atingidas pelo noticiário. Defendia com unhas e dentes que não se podia execrar para sempre, irrecuperavelmente, pela pressa e pela audácia do jornalismo, a honra das pessoas.
E também eram exuberantes a sua sabedoria e a sua tolerância. Convivendo sempre num meio de muita rivalidade e atrito, nunca odiou ninguém, situou-se sempre impoluto e cordial acima das disputas pessoais e das idiossincrasias.
Era homem que pairava superior aos defeitos comezinhos de personalidade.
Vibrei com as homenagens que lhe prestaram ontem e com as palavras de louvor merecido que lhe dedicaram.
Foi excitante e proveitoso o encontro com o Cândido na aventura da vida.
Pode ser transmitida a ideia falsa de que o Cândido fará muita falta.
Não fará falta nenhuma. Porque sua pessoa e os ensinamentos que dela emanavam vão estar sempre juntos de nós, guiando os nossos passos, dourando nossa lembrança, acalorando nossa saudade.
Como foi bom, rico e vantajoso ter vivido no tempo de Cândido Norberto.
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