quarta-feira, 5 de agosto de 2020


05 DE AGOSTO DE 2020
FÁBIO PRIKLADNICKI

Nostalgia dos anos 1990

Parece que há não muito tempo celebrávamos os 20 anos dos grandes discos dos anos 1990. Que época para se ouvir música, senhoras e senhores, era como se todo mundo curtisse rock. Só que os anos 1990 já estão completando 30 anos. Hora de reviver a nostalgia.

O ano de 1991 foi fora da curva, ou pelo menos assim me lembro deles. No ano que vem, serão celebradas três décadas de lançamento destes clássicos, a lista é grande: Ten, do Pearl Jam; Nevermind, do Nirvana; Badmotorfinger, do Soundgarden; Blood Sugar Sex Magik, dos Red Hot Chili Peppers; o "disco preto" do Metallica; Achtung Baby, do U2; Out of Time, do R.E.M.; e Use Your Illusion I e II, dos Guns ?N? Roses. Muitos desses álbuns lançaram as bandas ao mainstream ou inauguraram uma nova fase em suas carreiras.

Quem foi adolescente nos anos 1990 é suspeito para falar da época porque tendemos a idealizar o passado. Mas não apenas por causa disso. Uma análise de dados do Spotify realizada por Seth Stephens-Davidowitz mostrou que a fase da vida mais importante na formação do gosto musical das mulheres é entre os 11 e os 14 anos. Entre os homens, é dos 13 aos 16. Em outras palavras: as músicas mais ouvidas pelas pessoas na fase adulta foram lançadas quando elas tinham essas idades.

Como não se lembrar de The Rhythm of the Night, da banda Corona; Scatman, de Scatman John; e All That She Wants, do Ace of Base, hits que embalaram as reuniões dançantes? Era a época de ouro da MTV no Brasil, que lançou o "clipe da abelhinha" da música No Rain, do Blind Melon, e outros sucessos que se perderam no tempo, como Two Princes, do Spin Doctors; Everything About You, do Ugly Kid Joe; e a grudenta What?s Up?, do 4 Non Blondes.

Aquela foi a década do presidente Fernando Collor, do primeiro impeachment de nossas vidas, do Itamar Franco, mas também do Plano Real, da estabilização da inflação e de uma promessa de tempos melhores para os brasileiros. Todo jovem é meio idealista, mas havia mesmo uma expectativa positiva sobre o que viria por aí.

Agora que a frustração toma conta, a música da época traz de volta aquela inocência dos adolescentes com camisas de flanela amarradas na cintura, ouvindo música grunge no walkman e contando os dias para se formarem no colégio. Agora não faz mais 20 anos que tudo aconteceu, já são 30. Que possamos, pelo menos, brindar aos bons tempos.

FÁBIO PRIKLADNICKI

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