quinta-feira, 4 de maio de 2023



04 DE MAIO DE 2023
+ ECONOMIA

Venda da Gerdau acelera... nos EUA

No primeiro trimestre, a Gerdau encarou redução na venda de 2,5% e de 7,2% na receita em relação a igual período de 2022. Mas ante o intervalo de outubro a dezembro do ano passado, a venda subiu 11,5% e a receita, 5,1%. E o lucro líquido ajustado, de R$ 3,2 bilhões no trimestre, ficou 9,35% maior mesmo na comparação anual.

Hoje com a maior parte das operações concentradas na América do Norte, a Gerdau vê "resultados expressivos" na região, com "bons níveis de atividade nos setores consumidores de aço", segundo o CEO Gustavo Werneck:

- O reshoring está contribuindo para a demanda de aço nos Estados Unidos, onde temos operação muito bem posicionada, operando em plena capacidade, com melhor rentabilidade e produtividade.

"Reshoring" e "friendshoring" são movimentos de retorno de produção que havia migrado para a Ásia, principalmente para a China. O foco, nesse momento, é em levar de volta para a casa a fabricação de chips, ou semicondutores, como Werneck já havia relatado à coluna. A construção dessas unidades demanda aço, e a Gerdau é uma das fornecedoras.

foi o crescimento da economia do Brasil em fevereiro, conforme o Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV). O dado confirma o avanço muito acima do previsto que já havia sido antecipado pelo IBC-Br na semana passada. Agora ficou claro que a boa surpresa veio mesmo do campo.

Os "guris do interior"

Matheus Fell (D, na foto) e Luís Felipe Wallauer Ferreira (E) se conheciam desde a sexta série do Ensino Fundamental quando o segundo propôs um negócio ao primeiro. Era 2015, e ambos tinham 24 anos. Nascia, em Teutônia, o Quiero Café, hoje com 48 unidades no Estado.

- As pessoas que nos conhecem há pouco dizem "nossa, como cresceram rápido", mas não sabem que é uma construção de oito anos - diz Matheus, hoje com 32.

No ano passado, a rede faturou R$ 97 milhões, 78% acima do ano anterior. O plano é terminar 2023 com ao menos 60 unidades e faturamento de R$ 145 milhões. Felipe, que começava a trabalhar como advogado, contou ao amigo administrador de empresas que ouvia queixas sobre a falta de um local para tomar um "café de trabalho" na cidade. Era para ser só isso, mas Matheus diagnosticou logo: para parar em pé, era preciso oferecer mais. O foco foi em baixo custo: aluguel baixo e os dois no balcão.

- Já fritei batata de terno e gravata - conta Felipe, explicando que era um dia de audiências, mas voltou para ajudar porque o movimento estava grande.

A aprovação dos clientes impulsionou o negócio e os pedidos fizeram o cardápio se multiplicar várias vezes.

- Teutônia, como quase toda cidade do interior, tem lugares com produtos muito bons. Por isso, focamos na experiência. Queríamos um lugar gostoso, aconchegante. Não tínhamos experiência em alimentação. Tivemos de aprender no dia a dia - relata Matheus.

Deu tão certo, prossegue Felipe, que muita gente aparecia dizendo "quero levar um Quiero para a minha cidade". Claro, isso abriu o apetite por franquias, mas os sócios não quiseram dar o passo sem testar. Foi em 2017 que abriram a segunda unidade, em Lajeado, depois de contratar uma consultoria para formatar o modelo, elaborar manuais para padronização dos produtos e do serviço. E agiram como se os franqueados fossem eles.

- Lembro da sensação de quando assinamos 22 carteiras de trabalho no mesmo dia. Nunca tínhamos feito algo parecido. Já tínhamos colaboradores em Teutônia, mas eram oito ou 10 - confessa Matheus.

Atualmente, os dois mantêm seis cafeterias próprias - Teutônia, Lajeado (duas unidades), Chapecó (SC), Campinas (SP) e a do bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Até o final do ano, haverá 40 lojas no Rio Grande do Sul.

- Até porque aqui a gente já está em muitas cidades, o grande mercado potencial é o Sudeste, especialmente o interior de São Paulo - diz Matheus.

Para dar conta do amplo cardápio, nem tudo é "feito em casa". Empresas parceiras fazem molhos, feijão, doces. Até hoje, com exceção de um teste com um modelo menor, que foi descontinuado, nenhuma unidade fechou, nem durante a pandemia.

- Somos guris do Interior, tem um pouco de síndrome de vira-lata. Sempre podemos melhorar. Focamos na intenção de, a cada dia, errar menos. Começamos atendendo 20 pessoas por dia, hoje tem dias em que 15 mil passam nas lojas. Não incentivamos o erro, claro, mas quando acontecer, a gente vai assumir, pedir desculpa e melhorar - observa Matheus.


MARTA SFREDO

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